Silêncio na Primavera.

Primeira coisa a se dizer: Eu não criei Rurouni Kenshin e blá blá blá. Sou apenas uma humilde amadora que está tentando escrever um ffic. Por favor, sejam minhas cobaias! Sessha fica muito feliz de saber que alguém leu esse ffic. Espere! Não desligue o computador, prometo me esforçar bastante!

Bom, nesse fanfic eu usei as expressões "Shigata ga nai, né?" que pode ser traduzida como "O que se pode fazer, né?" Ah, sim! Sobre a estória é o seguinte: O Kenshin não virou andarilho e continuou como Battousai realizando trabalhos para Katsura-san, e mais ou menos dez anos se passaram desde a morte de Tomoe.

Ah, para os que não sabem:

Hai = Sim

Iyé = Não

Nani ka? = O que foi?  Ou o que?

Já matta ou Matta ne = Até mais.

Arigatou ou Arigatô = obrigado (a).

Acredito que já estejam acostumados com o "san", "kun", "chan" e "sama" que seguem os nomes polidamente.

Capítulo 1 – Encontros.

Era pleno dia e a ventania atacava friamente a região de Kyoto. Embora isso acontecesse, o ar parecia pesado. Nuvens corriam apressadas pelo céu dizendo que em breve o clima mudaria, para mais frio. Era época de tempestades... não só para a natureza.

- Não! Por favor, não me mate! Peça o que quiser e será seu!

            O assassino que o encarava friamente começou a desembainhar a longa espada, lentamente. Conforme o fazia sentia o pânico de sua vítima aumentar.

- Depois que se encontra a morte, a vida não pode continuar fluindo em suas veias. Ela precisa se extinguir.

            Trovões ecoavam enquanto o sangue da espada era limpo com um pano. "Perdedor", essa palavra veio em sua mente ao olhar o corpo que jazia aos seus pés. Uma sombra se apossou da cidade e com um raio seguido por um trovão, gotas de água começaram a cair do céu. Himura se apressou, deixando o lugar como se nada de mais tivesse acontecido ali, matar pessoas era mais que normal. Tinha voltado para a hospedaria em que sempre dormia.

- Oh, Himura-san! Vejo que foi pego pela chuva de novo.

            Ukyo, uma das atendentes da casa, se curvara; suas mãos estendiam uma toalha.

- Arigatou. – foi a resposta.

            Após pegar a toalha, Himura se dirigia para seu quarto calmamente.

- Himura-san, ... ahm, um homem o aguarda na sala formal.

            A sala formal era para o caso de amigos ou pessoas estranhas aparecerem por ali. A hospedaria era conhecida pelo seu sigilo para com seus hóspedes. Ou seja, ninguém (estranho ou não) era permitido esperar no quarto do "suposto amigo", sem antes a permissão deste. Logo, teria que esperar na sala formal, se assim o quisesse.

            Ao entrar na sala, Himura viu um homem alto com um rosto delicado e de traços finos. Sua serena expressão escondia o ser que era verdadeiramente por dentro.

- Já fiz o que foi pedido. – Himura se apressou em dizer sem ao menos cumprimentar o sujeito.

- Sei disso, - ele fez uma pausa e fitou os olhos do ser frio que estava em pé ao seu lado, e então continuou, - e também os inimigos.

Himura ficou em silêncio por um breve momento absorvendo o que lhe foi dito.

- Há um... traidor entre nós?

- Temo dizer que sim.

            Uma atendente se aproximou.

- Gostariam de algo para beber? Sakê, talvez?

- Iyé. – disse Himura.

- Maa... Fale por si mesmo. – O homem se virou para a jovem e sorriu simpaticamente. – Eu gostaria de sakê. Sim, sim. Por favor.

            A jovem se curvou e saiu. Kinou estendeu uma carta a Himura.

- Katsura-san quer sigilo absoluto neste trabalho. Ele disse que em breve solicitaria sua presença em Edo. Aposto que a carta deve falar sobre isso.

Eles se fitaram e esperaram a jovem terminar de servir a bebida a Kinou. Depois que ela se retirou voltaram a falar.

- Está molhado. Pegou chuva, né? Sim, com certeza é isso mesmo. – Disse ele conversando consigo mesmo, - O tempo anda muito estranho. Descontente, talvez.

- É só o que tem para mim?

            Kinou sorveu o sakê e se levantou.

- Sim, é só. – Arrumou seu Gi e foi andando em direção à porta. – Você deveria relaxar de vez em quando, Himura-san.

Pela noite a chuva deu uma parada e logo os seres da noite começaram sua melancólica música noturna. Himura estava observando o céu e pode escutar as empregadas murmurando ao passar pelo corredor.

- Sim, mais um grupo virá depois de amanhã.

- É uma boa época. Amanhã a gente arruma os quartos, né?

- Hai, Hai.

            Himura voltou sua atenção para o céu. Estava planejando como seu trabalho seria feito na noite seguinte. Também se perguntava quem seria o traidor. O dia seguinte passou calmamente e logo a hora da ação chegou. O assassino saiu finalmente para cuidar de seus "assuntos". Escondeu-se nas sombras das árvores e ficou a observar em silêncio.  Seus olhos faiscavam um dourado intenso; finalmente sua vítima apareceu, e infelizmente, a chuva também. Himura estava odiando ser pego de surpresa quase todo santo dia (ou noite). Mas desta vez estava tão entretido com seu trabalho que não reparou na tempestade que passava por ali.

- Fácil.

            Fitou o céu negro e escutou um ruído que vinha das sombras.

- Eu presumo que você seja o famoso Battousai.

            Himura fitou o outro ser da noite calmamente. Este tinha uma foice nas mãos e um sorriso maligno no rosto. Armou posição de luta e fitou Battousai. Este embainhou sua espada e recuou um passo.

- O grande Battousai, com medo?

E caiu numa gargalhada e logo voltou para sua posição de luta. Correu para atacar seu adversário. Himura colocou sua perna direita em 90 graus e recuou a esquerda até a parte superior do corpo ficar paralela ao chão, e então sacou a espada numa grande velocidade. O outro ser por pouco não morre, se esquivou do golpe, mas não o suficiente.

- Você é bom. – ele disse procurando seu adversário e logo notou que este estava atrás dele. Sentiu algo em seu peito e ao olhar para si viu a lamina que atravessou seu corpo. Battousai tinha vencido.

            Mais um corpo Jazia no chão agora. Himura voltou para seu quarto na hospedaria. "Um traidor... está entre nós.". Estava se preparando para trocar de roupa. Seu Gi, que estava aberto e escorregava por um dos ombros querendo cair no chão, estava sujo de sangue. Seus longos cabelos da cor do fogo estavam soltos e... Olhos o observavam. Alguém tinha entrado em seu quarto e o observava. Himura se virou já com sua espada pedindo por mais sangue, o olhar inflexível. Viu uma jovem fitando-o. Seus olhos azuis estavam tristes e ao sentir o frio olhar de Himura ficaram assustados. Olhou a espada e logo depois os olhos que a fitavam. Sentiu um temor e deu um passo para trás.

- Desculpe-me. Eu... devo ter entrado no quarto errado.

            Himura deu um passo em direção a jovem, que recuou e caiu no chão assustada.

- Levante-se e saia. Não farei mal a você. – ele disse guardando a espada e arrumando seu Gi em seu corpo, escondendo-o.

            A jovem tentou se levantar e suspirou um sofrimento.

- Nani ka? – ele se voltou para ela.

- T... torci meu pé.

            Eles se fitaram. O olhar do assassino era frio, sem expressão alguma. Ele continuou fitando-a como se estivesse pensando em uma saída para um grande problema, causando um desconforto na moça que resolveu perguntar:

- Poderia me ajudar a sair do quarto?

            Ele a carregou com facilidade. Ela era pequena e leve, devia ter no máximo 20 anos. Himura abriu a shoji do quarto e caminhou para o corredor com a jovem. E meio que a largou no chão.

- Pronto. – Disse voltando para seu quarto.

A jovem fitou atônita a shoji que tinha sido fechada a sua frente.

- Que delicado. – ironicamente disse para si mesma ali no chão olhando estaticamente a shoji. No entanto, estava aliviada de não estar no mesmo quarto que aquele homem de olhos estranhos.

            Himura voltava sua atenção para o que estava fazendo antes: trocar suas roupas molhadas, desta vez sem interrupção. Enquanto o fazia escutou uma conversa que se passou no corredor.

- Oh, você caiu. – A voz era de Ukyo.

- Sim, torci o pé, acho. Shigata ga nai, né?

- Hai, hai. Venha, deixe-me ajudá-la. Qual é o seu quarto?

- Não me lembro.

Elas foram conversando e suas vozes foram ficando distantes até que nada mais pôde ser ouvido.

A pensão ficou deserta em poucos dias, chegou a hora de Himura partir para Edo, partiria em dois dias. Katsura-san o aguardava.  A viagem seguia tranqüila até que escutou um grito de uma jovem e ruídos mais adiante. Florestas densas delimitavam a estrada e seus olhos ocultos estavam sempre espiando. Himura continuou seu caminho e logo viu seu eterno inimigo Saitoh. A presença de Battousai fez com que Saitoh deixasse sua presa escapar por dentro da mata, e logo seus capangas foram atrás dela.

- Battousai... – Suspirou umedecendo seus lábios com satisfação.

            Himura continuaria sua viagem se não fosse "ele" quem tivesse encontrado. Saitoh desembainhava sua espada.

- Pare, não estou com vontade de matar ninguém hoje. – Kenshin disse, mesmo sabendo que suas palavras seriam ditas em vão.

            Saitoh avançou atacando e seu oponente defendeu o golpe. Pararam e se olharam, ruídos vinham de longe. Era uma cavalaria, com certeza. A luta tão esperada teria que ser deixada para depois.

- Em breve, Battousai. Em breve. – Disse sumindo na escuridão.

            Himura olhou ao redor, nenhum sinal dos capangas de Saitoh ou da garota.A mesma garota que entrara por engano em seu quarto dias antes. Continuou sua viagem. A cavalaria passou despercebida por ele.

Edo estava alegre e festiva. As pessoas preenchiam as ruas, apressadas em realizar suas tarefas do dia. Estava quente e não havia uma nuvem no céu. O vento fresco soprava e aliviava o peso dos corações, talvez fosse isso que deu esse ar alegre ao lugar. Himura dirigiu-se para o lugar de encontro, Katsura-san não estava lá. Fora deixado para Kenshin uma carta, que determinava um novo local e dia para o encontro e o lugar onde deveria se hospedar. Foi para seu quarto depois de se lavar e de comer.

Na noite seguinte, foi ao encontro numa casa grande distante do centro.

- Olá, Himura. Vejo que conseguiu chegar sem problemas.

            Este se lembrou do acontecimento na estrada. Fez-se silêncio enquanto uma servente serviu chá para ambos. Após sua saída o silêncio foi rompido.

- A traição entre nós é evidente agora.

- Sei disso. Um assassino das sombras como eu me atacou logo após o último trabalho.

- E...- Katsura sorveu um pouco de chá.

- Está morto. – Himura continuou com os olhos fixos no fundo de seu chá, em transe.

- Compreendo. Himura-san, você é importante para o sucesso de meus planos. Portanto, o quero em

Edo e não realizará nenhum trabalho. Pelo menos por enquanto.

            Himura em silêncio bebia um pouco de seu chá.

- Estamos atrás do traidor, – Katsura continuou - e quero que os inimigos percam a trilha que segue você. Compreende?

- Hai.

- Pense nisso como um breve recesso. Não demorará muito até que eu solicite seus trabalhos.

Aproveite para relaxar um pouco.

            Katsura-san reparou que uma ponta de tecido azul turquesa escapou despercebida pelo Gi de Himura. "Isso pertencia a ... Tomoe. Então... Que curioso.". E se apressou em dizer.

- Preciso resolver uns problemas, logo nos falaremos de novo. E se precisar falar comigo estarei neste endereço, é um pouco mais longe. – estendeu um papel para Kenshin. – Ja Matta, Himura-san.

- Ja matta.

            E para a não alegria do assassino, um trovão correu pelo céu que estava coberto por densas nuvens. "O tempo anda muito estranho. Descontente, talvez". As palavras de Kinou correram por sua mente como um flash. Caminhava lentamente para voltar para a pensão quando um vulto passou correndo por ele, era uma garota. Aquela garota... de novo! Ela tentava se defender de um modo nada habilidoso com um pedaço de bambu. Mais um vulto passou, e outro e mais outro. Os três homens que a seguiam cercaram-na. Himura suspendeu uma sobrancelha deixando um olhar confuso correr por seu rosto, "de novo... perseguida?". A garota só aparecia com problemas.

- Deixem me em paz! Já disse que não sei de nada! – Disse a garota.

            Foi fácil para os inimigos golpearem-na. Himura ficou ali olhando a cena, pensou em ignorar e seguir seu caminho. Mas apenas pensou... Agora olhava para os três homens que covardemente atacavam uma garota. Os homens correram para atacar o "espião", Battousai se desviou e contra-atacou. Então olhou para a jovem no chão sem se importar com os corpos que jaziam no chão.

- Obrigada por me ajudar.

- Não fiz isso por você. – veio uma gélida resposta. – Odeio cachorros de rua.

"Eles não são cachorros de rua.", ela pensou em resposta.

            A chuva começou e imediatamente Battousai a amaldiçoou. Já ia tomando seu caminho de volta quando sentiu o silêncio, a garota tinha caído. Himura olhou para ela se odiando pela curiosidade que sentia, e carregou-a. "Por que vive sendo perseguida?".

            Largou-a na porta de uma clínica e seguiu caminho para a pousada. Não dormiu bem, sonhos dos quais não lembrava faziam-no acordar a todo o momento. Três dias se passaram, a garota estava hospedada na mesma casa. E quando Himura e ela se encontraram no corredor o silêncio foi quase desconfortável. A jovem ficou desconcertada enquanto ele a fitava de modo inexpressível.

- O que faz aqui? – Ele, por fim perguntou.

Ela teve a impressão de sentir raiva em sua voz, mas seu rosto e olhar nada diziam.

- O que acha? Estou hospedada aqui. – Ela baixou a cabeça e depois voltou a fitá-lo. – Obrigada por me ajudar.

- Já disse que não foi por você.

- Mas agradeço mesmo assim. Afinal de contas,  não de deixou na rua quando apaguei, né?

            E mais uma vez ele se odiou por tê-la ajudado. Reparou que o kimono da jovem escondia ataduras em seus braços.

            A noite caiu doce e friamente. Himura estava de olhos fechados embora não dormisse. Estava encostado numa pilastra de madeira e sua longa espada pendia encostada em seu ombro. Escutou passos silenciosos pelo corredor e logo ouviu sua shoji abrir quase inaudívelmente. Suas mãos já preparadas em sua espada, frearam o ataque quando uma  voz feminina soou.

- Senhor?

            Era a garota... de novo. Por que ela tinha que aparecer sempre em sua vida? Katsura-san deveria saber disso pois da outra vez a espiã era... Tomoe. Himura não cairia de novo no mesmo "truque". Ele fitou-a.

- Por favor, - ela disse, sua voz tremeu um pouco – Não conte a ninguém que estou aqui.

            Mais uma vez, problemas trazidos por ela. Os olhos dourados e inexpressíveis do assassino a fitavam, e logo se ouviu uma explosão que veio dos fundos, provavelmente do quarto dela. Os hóspedes começaram a se agitar e a fugir, a casa estava em chamas. Kenshin agarrou o pulso da garota.

- Fique perto de mim. Quero respostas.

            Saíram pelo corredor. Após reconhecer a jovem, um homem correu já com sua espada desembainhada para atacá-la.

- Não. – Himura disse à garota, se não tivesse segurado com mais força seu delicado pulso, ela teria fugido correndo.

            Sem nenhum trabalho o homem foi morto. Continuou arrastando a jovem e fugiram do caos para a noite escura. Himura não percebeu que tinha deixado algo precioso... para trás.

Continua...

E aí? O que acharam? Ah, eu sei que esse negócio de não colocar o nome da garota e ficar fazendo mistério é irritante. Sei disso porque eu mesma odeio esse tipo de mistério. Mas é que estou esperando o momento certo para ela se apresentar. A verdade é que eu estou tentando fazer um ffic com mais calma dessa vez. É que normalmente eu fico tão ansiosa com a minha própria estória que acabo fazendo-a pequena, e quero que esse ffic seja melhor do que todos os que já fiz. Então, se alguém quiser dizer qualquer coisa, sugestões, pedidos e etc, mandem um e-mail para mim.

Até a próxima.                                                                      

Chinmoku