Capítulo Cento e Cinco

Ways of Knowing

(Maneiras de Saber)

Lily encontrou Scorpius sentado na grama alta, perto da parede do jardim. Ela se sentou ao lado dele, inclinando o rosto na direção dos raios de sol e fechou os olhos, ouvindo o vento balançar as folhas.

— Se você tivesse sete anos e não dezessete, teria ficado tão incomodado com a gravidez da sua mãe?

Scorpius abriu a boca para dizer que sim, mas ouviu-se dizer:

— Provavelmente não. Eu não saberia o que está acontecendo entre meus pais, mesmo se todo o resto fosse o mesmo. Eu provavelmente estaria... — Sua voz morreu e ele brincou com os cadarços dos tênis. — Eu sinto ressentimento — confessou em um murmúrio. — Pelo bebê.

Uma ruga apareceu entre as sobrancelhas de Lily.

— Por quê?

Scorpius esticou as pernas em frente ao corpo, apoiando-se na parede.

— Os Aurores vigiam meu pai. Todos os dias. Não há nenhum momento em que eles não estejam lá. Quando ele quer sair de casa, ele precisa avisar. E um Auror vai com ele. Se ele estiver em Londres e entrar num banheiro público para fazer xixi, o Auror também entraria.

Lily crispou os lábios e disse, cautelosa:

— Parece que você tem ressentimento é pelos Aurores.

Scorpius a cutucou com o cotovelo.

— Eles só estão fazendo o trabalho deles. Aposto que eles preferiam estar fazendo várias outras coisas a ficar sentados na sala de espera de St. Mungo's me vendo revisar todas as Poções que aprendi desde o primeiro ano, enquanto meu pai e eu esperamos notícias da minha mãe.

— Então, como isso explica o ressentimento?

Scorpius suspirou, arrancou um punhado da grama e começou a rasgar as folhas.

— Se o bebê não existisse, minha mãe poderia ir embora. Eles poderiam nem se divorciar, porque seria trabalhoso só tentar, mas ela poderia ir embora e se livrar de todas as restrições.

Lily se apoiou em Scorpius e descansou a cabeça no ombro dele.

— E, por associação, você?

— Você é esperta demais para o próprio bem — resmungou ele. — Mas já sou maior de idade. Eu não preciso voltar se não quiser. E não quero.

— Então vai ser um estranho para seu irmão ou irmã e ser tão idiota quanto seu pai?

— Eu...

— É no que você está pensando, né? — perguntou levemente, mas nem por isso seu tom era menos acusador. — É só um bebê. Ele não pediu para ser concebido, menos ainda para nascer. — Lily se levantou e limpou a calça. — Você não pode ser o que acusa seu pai de ser. Não foi por quem eu... — Ela tossiu e corou. — Enfim. Está quase na hora de você ir.

— Lily... — Scorpius se levantou e foi atrás dela a passos largos. — É complicado.

Ela se virou.

— Eu entendo que você não gosta do seu pai. Tá bom. Mas isso não significa que sua mãe tem que achar que ele é repugnante só porque é o que você acha. Você pode continuar desejado algo que não vai acontecer ou encarar a realidade. Porque a realidade é que seus pais vão ter outro filho. Logo. Você pode ser aquela pessoa que visita no natal, que seu irmão ou irmã mal conhece. Ou pode ser um irmão mais velho decente. Isso, isso requer coragem. Hesitar em levar sua mãe ao hospital não faz de você um idiota. Só significa que você está confuso. Ter ressentimento de um bebê, faz. — Ela segurou uma de suas mãos. — Você leu todos aqueles livros. Alguma vez você imaginou o motivo de um personagem ser do jeito que é na primeira vez que leu? Inventou uma história que explicasse por que alguém é um idiota?

— Às vezes — respondeu, cauteloso, perguntando-se qual era o argumento de Lily, se é que ela tinha um.

— Tente fazer o mesmo pelo seu pai às vezes. — Ela apertou sua mão. — Vai me escrever enquanto estiver em Nice?

Scorpius a puxou para perto, afundando o nariz em seu cabelo, inalando o cheiro de flores.

— Já mandei minha coruja para a casa da minha avó. — Ficaram lá por vários momentos, só se afastando quando Ginny pigarreou.

— Está na hora de ir — avisou ela a Scorpius. Lily se afastou, acenando.

Scorpius correu até A Toca e pegou sua mala.

— Temos tempo de passar em St. Mungo's? Queria ver minha mãe.

Ginny olhou o relógio.

— Terá de ser rápido — avisou.

— Entendido. — Scorpius ajeitou a mala no ombro. — Eu te encontro em frente ao St. Mungo's. — Ao chegarem em Londres, em frente à loja de departamento aparentemente abandonada, Purge & Dowse Ltd, ele seguiu Ginny através das vitrines encantadas, grato por sua presença quando ela o guiou pelo labirinto de escadas e corredores que levavam à ala escondida da maternidade.

Ginny indicou as portas duplas.

— Eu te espero aqui. Mas só temos cinco minutos, ou você vai perder sua Chave de Portal.

Scorpius assentiu e empurrou as portas. O quarto de sua mãe estava corredor adentro, seu nome escrito em um cartão preso em um suporte ornado ao lado do batente.

— Mãe?

— Olá, querido! — Daphne sorriu para a intromissão bem-vinda. Tinha passado a manhã folheando uma pilha de revistas velhas.

— Queria me desculpar por ontem.

Daphne franziu o cenho.

— Por ser um adolescente monossilábico, cujo mundo não é o mesmo que o de duas semanas atrás? — Ela balançou a mão. — Completamente compreensível.

Scorpius abriu a boca para falar pelo que realmente se desculpava, mas a fechou. Não seria bom ser honesto com sua mãe. Agora não. Talvez nunca.

— Eu queria me despedir. A gente se vê em duas semanas. — Foi para frente e para trás numa dança de incerteza, antes de lhe dar um beijo rápido na testa com um assentir desajeitado.

Daphne segurou sua mão.

— Divirta-se com a sua avó. A senhora Potter veio com você? — Scorpius assentiu. — Pode pedir para ela me visitar mais tarde? Talvez hoje à noite ou amanhã? — Quando ele assentiu, Daphne soltou sua mão. — E pergunte se ela pode trazer algo para eu ler. Estou morrendo de tédio.

-x-

Ginny passou a cabeça pela porta do quarto de Daphne.

— Está disposta para receber uma visita?

— Merlin, sim. Acho que já contei cada azulejo do teto em três línguas diferentes.

— Scorpius disse que você queria me ver. — Ginny abriu a bolsa e tirou uma pilha de livros gastos, que colocou no criado-mudo. — Acho que vai gostar desses. São longos, mas são bons. Achei que você precisa de algo para passar o tempo. Especialmente se ficar aqui até dar à luz.

— Espero que não, mas seria mais fácil se ficasse — suspirou Daphne, amargura aparecendo em sua voz.

— Harry está trabalhando nisso — comentou Ginny, estudando as unhas e cutucando a cutícula.

Daphne bufou, zombeteira.

— Do jeito que a Suprema Corte trabalha, o bebê vai estar prestando os NIEMs antes de mudarem qualquer coisa. — Ajeitou-se na cama. — Queria saber se posso te pedir algo.

— Fique à vontade.

Daphne brincou a borda do cobertor.

— Quando eu entrar em trabalho de parto, pode ficar comigo? — pediu. — Quando Scorpius nasceu, Draco se recusou a ficar no quarto, apesar de na época eu ter me perguntando se era a vontade de Draco ou do pai dele. Enfim, quando eu entrei em trabalho de parto daquela vez, eu tinha minha irmã, mas Astoria parou de falar comigo depois que Draco recusou a ajudar Ian com Geoffery. E minha mãe morreu quando eu tinha catorze anos, e apesar de eu ser próxima de Narcissa, não estou com vontade de pedir que ela pegue lascas de gelo e toalhas geladas, enquanto ela me lembra de respirar.

— É claro.

— Mesmo?

Ginny riu.

— Para que são os amigos?

— Isso vai muito além de mera amizade — retorquiu Daphne.

Ginny deu um tapinha na mão de Daphne.

— Estarei aqui, quer o Draco também esteja ou não. E se você ficar presa aqui pelas próximas semanas, eu vou te visitar tanto, que você vai estar enjoada de me ver quando for dar à luz.

— E se me mandarem pra casa em alguns dias?

— Ainda vou te visitar.

— É uma promessa ou uma ameaça?

— As duas coisas? Eu vou levar revistas ruins, esmaltes e comida boa. Da última vez que Harry ficou internado, a comida quase machucou tanto quanto a maldição que o colocou aqui. — Ginny estremeceu. — Agora, vamos falar dos nomes...

Daphne fez uma careta.

— Estou tentando ser mente aberta, mas a tradição da família de Draco é ir com nomes em grego ou latim, o que por si só não é horrível, mas... — Inclinou-se para mais perto de Ginny. — Eu vi a lista de possíveis nomes que ele fez.

— Minha nossa.

— Pois é. — Daphne ergueu o queixo. — Minha única opção é fazer minha própria lista de nomes apropriados para um Malfoy, que não assustem as criancinhas.

-x-

Narcissa acenou a varinha para a mesa, e a louça se empilhou em uma badeja. Tamborilou os dedos silenciosamente na mesa, antes de voltar a acenar a varinha. Duas taças e uma garrafa pousaram ao lado de seu braço. Serviu vinho nas duas taças e empurrou uma para Scorpius.

— Beba.

Scorpius levou a taça ao nariz.

— O que é?

— Um riesling alemão adorável. — Narcissa tomou um gole. — Depois de você beber, nós vamos conversar.

— Sobre o quê?

Narcissa não respondeu. Ela só continuou a beber seu vinho tranquilamente.

Scorpius tomou um gole cauteloso. O vinho era um pouco doce, e ele tomou um gole mais generoso. Raramente bebia algo mais forte do que uma Cerveja Amanteigada, e o vinho fazia sua cabeça girar um pouco.

Narcissa encheu sua taça mais uma vez.

— Scorpius, você sempre foi meu único neto. Você é tudo o que eu poderia querer de um neto. É inteligente, determinado e gentil, o que é um milagre, considerando de onde você vem. Mas, meu querido, está na hora de crescer.

— Quê?

— Estou falando da sua atitude pelos últimos dois anos. Especialmente depois de ter descoberto que seus pais se reconciliaram. — Narcissa correu um dedo pela margem da taça. — Quando Draco era mais novo do que você, ele foi forçado a carregar fardos que o pai dele não conseguiu carregar. Isso o machucou de formas que só posso imaginar. Não foi até seu avô ter morrido... — Narcissa crispou os lábios. — Lucius nunca permitiu que Draco se curasse. Cada carta, cada conversa, cada decisão que Draco tomava e que Lucius destruía, servia para abrir machucados meio cicatrizados. E você, meu amor, foi dano colateral.

Scorpius tomou um gole de seu vinho.

— E era pra isso fazer que eu me sentisse melhor?

Narcissa suspirou.

— Ninguém é cruel de nascença. Seu pai certamente não era. Ele foi criado para acreditar em certas coisas, assim como eu. Quando eu descobri que a... coisa a quem Lucius jurou lealdade tinha tanta consideração por nós quanto pela sujeira em seus sapatos, virou um jogo, pelo menos com Draco e eu. Acreditar naquelas coisas não nos protegeu, no fim.

"Eu sei que seu pai te machucou e que você pode nunca o perdoar. Isso certamente é sua escolha. Você pode se manter distante dele pelo resto da sua vida, mesmo depois de ter se casado e ter tido filhos. Como eu disse, é raro alguém nascer tão doentio a ponto de não encontrar redenção. Só peço que você tente ver seu pai por quem ele é agora.

— Ele me odeia — respondeu Scorpius com tristeza.

— Ele não odeia. Draco cresceu em um ambiente em que não recebia nenhum tipo de afeto de Lucius, a não ser que alcançasse os padrões dele. Ele nunca quis coisas materiais, mas nunca conheceu o amor incondicional de seu pai. Ele não sabia como criar uma criança com o tipo de amor desenfreado que sua mãe pôde te dar.

— Eu o odeio — murmurou.

— E eu continuo torcendo para que um dia você mude de ideia.

Scorpius tomou outro gole de vinho.

— E você?

— O que tem?

— Eu li sobre a guerra. Li as transcrições dos julgamentos. O seu, o dele e do avô. — Scorpius piscou rapidamente e tomou mais vinho. — Ele teve a chance de salvar você e a ele mesmo. E ele não fez isso. Sabia disso? — quis saber.

Narcissa piscou.

— Sim.

— Então me diga, avó, você o perdoou?

Narcissa soltou o ar lentamente.

— Eu tenho tentado.

— E?

Narcissa levou a taça aos lábios.

— Eu tenho tentado.

-x-

A coruja batendo fortemente na janela de Lily a acordou. Ela abriu a janela e procurou por um Petisco de Coruja em sua mesa. A nova coruja de Scorpius pousou na janela aberta e ofereceu uma pata.

— Obrigada, Cassiopeia — murmurou Lily, soltando o envelope com uma mão e oferecendo o petisco com a outra. Cassiopeia o pegou delicadamente com o bico, e colocou a cabeça sob a mão de Lily, para receber carinho. Lily bocejou e olhou para o envelope. — Você vai esperar a resposta? — Cassiopeia piou suavemente e se virou para a janela. — Muito bem. — Acariciou as penas suaves da coruja por um momento, antes de pegar o copo de água perto de sua cama. Cassiopeia mergulhou o bico no líquido, antes de voltar a piar para Lily e sair voando pela janela.

Lily olhou para o envelope, apertando os olhos até a letra entrar em foco. Não era a letra normalmente simples de Scorpius, mas um rabisco angular que nunca tinha visto antes. Voltou para a cama e acendeu o pequeno abajur, colocando os óculos.

Abriu o envelope, arregalando os olhos para os borrões que marcavam o pergaminho. Lily leu a carta lentamente, parando aqui e ali para franzir o cenho para uma palavra quase ilegível. Leu mais uma vez e a deixou de lado, uma ruga aparecendo entre suas sobrancelhas. Lily desligou o abajur, tirou os óculos e se deitou. Ficou de lado, olhando para a carta, até voltar a dormir.

Depois do café da manhã no dia seguinte, Lily bateu suavemente no batente do escritório.

— Pai?

— Sim?

— Tem um momento?

Harry soltou a pena e ajeitou os óculos no nariz.

— Para você? Sempre. — Ele indicou a poltrona gasta no canto.

Lily se acomodou no assento mole.

— Você conhece bem o pai do Scorpius?

Harry se recostou em sua cadeira e suspirou.

— Um pouco. Não muito bem. Por quê?

Lily enrolou uma mecha de cabelo no dedo.

— Acho que ele também não conhece.

-x-

Hugo correu uma mão pelo peito de Logan.

— Preciso te contar uma coisa. — O lençol farfalhou quando Logan se sentou.

— Preciso me vestir? — provocou.

— Se quiser. — Hugo se espreguiçou, arqueando as costas, completamente despreocupado com sua nudez parcial. Algo em sua voz abafou a risada que subia pega garganta de Logan. Ele saiu da cama e achou sua calça e a de Hugo. Logan vestiu a sua e jogou a de Hugo na cama.

— Vista-se. Se for algo sério, não quero ficar distraído.

Hugo obedeceu e, pensando no pior resultado, vestiu sua camiseta também. Sentou-se na ponta da cama, puxando a barra da camiseta entre o dedão e o indicador. Respirou fundo e falou:

— Sou bissexual...

Logan piscou.

— É isso?

— Sim.

— Ah. Tudo bem.

Hugo abaixou os ombros, aliviado.

— Achei que você ficaria chateado.

Logan cruzou o quarto.

— O tio Kenneth sempre me manda artigos da coluna de conselhos trouxa. Foi bastante informativo, para dizer o mínimo. — Afundou-se na cama ao lado de Hugo. — O que isso significa para nós?

— Erm... — Hugo continuou a brincar com a barra da camiseta. — Acho que nada. Eu gosto de você e gosto de estar com você. Não sinto necessidade de fazer alguma coisa com minha atração por garotas. Só precisava que você soubesse que ela existe. — Olhou para Logan. — Vou entender se quiser que eu vá embora. — Logan passou um braço pela cintura de Hugo.

— Fique — murmurou. Inclinou-se um pouco, até sua cabeça estar apoiada na de Hugo. — Posso fazer uma pergunta? — Hugo assentiu. — Já quis ficar com uma garota do jeito que fica comigo?

— Caramba... — suspirou Hugo. — Não de verdade. Nem com outros garotos. Não que eu nunca tenha achado alguém atraente nem tenha fantasiado com outras pessoas, mas eu nunca quis levá-los para jantar com a minha família. Nunca gostei o bastante de alguém — explicou. Logan entrelaçou os dedos com os de Hugo, apertando-os para encorajá-lo. — Eu já tive paixonites por garotos e garotas. Mais garotos do que garotas, mas mesmo assim... Sempre foi a pessoa, nunca o gênero... — Soltou o ar, trêmulo. — E o que a pessoa do conselho diz sobre essa situação?

Logan deu de ombros.

— Ele diz que não tem como os adolescentes saberem se são bi. Que é um escudo conveniente contra homofobia. — Hugo rosnou.

— Idiota — murmurou. Logan pressionou um beijo na nuca de Hugo.

— Ele que se dane — declarou Logan. — Ele não te conhece.

Hugo ergueu a barra da camiseta para secar o suor de seu rosto.

— Mal posso esperar para que um de nós faça dezessete — suspirou. — Aí poderemos usar um feitiço para esfriar o quarto.

— Então tire a roupa, tonto. — Hugo se levantou e tirou a calça e passou a camiseta pela cabeça. Olhou para Logan.

— O que mais ele diz?

Logan se esticou na cama e tirou a calça. Gesticulou para Hugo, que se juntou a ele, aproveitando a sensação do toque entre as peles nuas.

— Ele diz mais para ser honesto e impor limites.

Hugo lambeu delicadamente um ponto sob o maxilar que o fez torcer os dedos.

— Tudo bem — murmurou Hugo. — Então... limites?

— O que acha de namorarmos? — perguntou Logan.

Hugo se afastou um pouco.

— Estamos só de cueca, na sua cama, sem nenhum parente nosso por perto. Acho que não dá pra ser mais claro que isso.

Logan pousou uma mão no traseiro de Hugo.

— Você pode estar me usando para se masturbar — refletiu. — Sou muito bom nisso — adicionou, arrogante. Hugo bufou, zombeteiro.

— Não preciso de você pra isso — retorquiu. — Tenho duas mãos muito boas. — Hugo traçou a marca de nascença no ombro de Logan, sua expressão pensativa. — Eu gosto de ficar com você. Nem ligo de fazer o dever de casa quando posso fazer com você.

Logan sorriu.

— É um elogio e tanto. — Bateu de leve no traseiro de Hugo. — Chega um pouco pra lá. Não sei como alguém que é praticamente um graveto consegue tomar tanto espaço da cama. — Hugo se afastou um pouco.

— Então tá. Então nós... Como se diz? "Estamos firmes" parece algo que minha vó diria.

Hugo apoiou a cabeça no travesseiro.

— Namorado...? — Hugo olhou para Logan pelo canto dos olhos e repetiu num murmúrio:

— Namorado... — disse lentamente. A boca de Logan se curvou em um sorriso.

— Namorados, então — respondeu Logan. Puxou Hugo para mais perto, acariciando a pele sob sua orelha. — E seja honesto comigo.

Hugo inclinou a cabeça para o lado.

— Acho que não dá pra ter um relacionamento bom sem honestidade. — Sorriu timidamente. — É o que meu vô diria. Ele dá o mesmo sermão para todo mundo quando estamos no nosso primeiro relacionamento sério. Vic disse que ele encurralou ela e Teddy quando foram pegos nos amassos no quarto ano dela. Falou um monte sobre relacionamentos bons e sólidos, e como são construídos com base em honestidade e confiança, não porque está morrendo de vontade de transar.

Logan arregalou os olhos.

— Caramba. Foi seu avô? — riu. Hugo sorriu.

— O vô tem esse hábito estranho de falar em termos nebulosos e românticos e daí terminar com algo como "pensem com suas cabeças, garotos, não com seus amiguinhos!". — Começou a rir com tanta vontade, que mal conseguia respirar. — Pelo menos é o que meu pai contou que o vovô disse pra ele e pro tio Harry quando ele foi ter A Conversa com eles. — Hugo suspirou, a risada morrendo. Virou o pulso para ver as horas e se sentou num sobressalto. — Pelas calças de Merlin, já é essa hora? — Saiu da cama e vestiu a calça.

Logan olhou para o relógio ao lado de sua cama.

— Você vai chegar quase com seus pais — comentou. Sentou-se e observou Hugo vestir a camiseta, antes de pular num pé, depois no outro, ao calçar as meias e os tênis. Hugo deu um beijo rápido em Logan.

— A gente se vê no sábado. — Hugo correu para a sala de estar e jogou um punhado de pó de flu na lareira. Cambaleou pelo tapete vários minutos antes de Ron e Hermione chegarem em casa.

Rose deixou o livro de lado, analisando Hugo.

— Tem algo no seu pescoço. — Ela se levantou do sofá e fez Hugo inclinar a cabeça, estalou a língua em desaprovação e apontou a varinha para ele.

Hugo se soltou e bateu na mão de Rose.

— Férias de verão — lembrou.

— Sou maior de idade, seu tonto — retorquiu ela. — Lembra? Desde fevereiro. Ou quer que a mãe e o pai façam várias perguntas sobre o que você fica fazendo quando vai pra casa do Logan? — Nesse instante, o ponteiro de Ron começou a ir de "trabalho" para "casa". Hugo olhou para o relógio e assentiu seu consentimento. Rose disse rapidamente: — Episkey. — Ela prendeu a varinha no coque no alto de sua cabeça. — Você me deve uma.

Continua.