Boa noite, gente! Esclarecendo: com "voltar com tudo" eu na verdade quis dizer "empolgar com uma fic e logo depois receber um tapa na cara da realidade de que vestibular tava chegando e ter que parar por alguns meses". Desculpa. Tenho problemas com comunicação. Espero que me perdoem e aceitem esse capítulo bem grandinho e levemente explicativo, que dedico à fofíssima Andie Jackson.
Obrigada à Andie e a Nath Tsubasa Evans pelos reviews, e a todo mundo que deu favorite e follow na história. Boa leitura!


Hermione simplesmente não conseguia acreditar no que estava vendo. Draco Malfoy ali, na porta do seu apartamento. Draco Malfoy entrando no seu apartamento. Draco Malfoy se revelando uma parte crucial do novo plano de Harry. Onde Potter estava com a cabeça? E quem Malfoy achava que era pra aparecer na casa dela assim, sem ser convidado?

Ela não era obrigada a aguentar esse tipo de coisa. Principalmente dentro de casa.

- Harry. Cozinha. Agora. – Virou-se para o homem loiro que agora estava fechando a porta. – Você, Malfoy, fique aí onde está.

Os três se encaminharam para a cozinha. Harry se sentou numa das cadeiras, Ron se apoiou na bancada e Hermione permaneceu de pé, com os braços cruzados.

- Harry, eu achava que era preciso bem mais do que seis anos na prisão pra deixar alguém louco. Mas aparentemente eu estava enganada.

- O que você tem na cabeça, Harry?! O que te fez pensar que incluir o Malfoy num dos nossos esquemas era uma boa ideia? Não é sequer aceitável!

- Vocês dois, se acalmem! E me escutem. Malfoy me ajudou a bolar o plano. Tive a ideia por causa dele, na verdade.

- O que te faz pensar que pode confiar nele, mesmo que por um segundo?! – Ron agora andava de um lado para o outro, gesticulando. – Espera. Você armou o plano com ele e depois veio falar com a gente?

- Ron, presta atenção, por favor. Malfoy veio me procurar quando eu ainda tava na cadeia, nós conversamos muito pouco, mas eu tive uma ideia. Então o chamei lá de novo, expliquei e ele respondeu...

- "Achei que você nunca ia pedir".

Malfoy havia ignorado as instruções de permanecer na sala e agora estava ao lado de Hermione na cozinha, examinando o cômodo.

- O Santo Potter aqui captou minhas dicas e finalmente foi implorar para que eu o ajudasse num de seus esqueminhas. E eu aceitei. Há quanto tempo não reforma esse apartamento, Granger? Sei que você não ganha muito bem, mas...

- Por quê?

- A pintura, tá meio descascada. E esses armários...

- Não, idiota, por que você aceitou o convite do Harry?

- Tenho meus motivos.

- Malfoy, se você vai participar disso e quer o mínimo da nossa confiança, vai ter que dar uma resposta melhor do que essa. – Ron retrucou.

- Minha família ficou na merda por causa daquele homem. – a expressão do loiro ficou séria de repente. – Meus pais quase faliram, e, sob chantagem, aceitaram um acordo miserável que garante um sustento e ajuda a manter as aparências. Ou seja, além de sujar o nome da minha família e da nossa empresa, fez questão de nos tornar completamente dependentes dele e da sua boa-vontade. A minha sorte foi que decidi deixar de ser um playboy sustentado pelos pais antes disso acontecer.

- É, virou um verdadeiro trabalhador, um membro do proletariado. Salve Draco Malfoy, líder da luta de classes! – Ron revirou os olhos. Malfoy o ignorou.

- Já estava ganhando meu dinheiro quando tive a oportunidade de trabalhar no Gringotes, o maior banco do país.

- Que por acaso é comandado pelo mesmo cara que fodeu sua família. – Harry acrescentou.

- É. E era num cargo até importante, sabe? Importante o bastante para que em poucos anos eu tivesse certo contato com o homem. Eu não podia deixar aquela chance passar. Aceitei a proposta e duas semanas depois, fui procurar um ex-colega da escola que talvez pudesse me ajudar... não fiquei muito surpreso ao encontrá-lo na cadeia.

- Mas eu, como sempre, era o homem perfeito pro trabalho. Valia a pena esperar eu cumprir minha sentença.

Hermione estava ouvindo a história sem esboçar qualquer reação. Agora que havia terminado, resolveu falar.

- Então você vai entrar nessa só pra limpar a honra da sua família ou algo do tipo? Admirável.

- Para derrubar o homem que fez isso com ela, pra ser mais exato. E claro, ganhar um dinheiro extra.

A garota pensou por um momento antes de responder e se virar para Harry.

- Ok. Você sabe que Ron e eu estamos dentro. Mas antes de qualquer outra coisa quero saber como e quando vocês pretendem colocar essa maluquice em prática. Umas trocas de ideias através de telefones na cadeia não são exatamente o bastante pra arquitetar um plano de verdade.

- "Maluquices"? Depois de tanto tempo ajudando a gente, achei que você tivesse aberto um pouco mais a cabeça, Mione. – Ron franziu as sobrancelhas, inclinando a cabeça.

- É do Gringotes que estamos falando aqui, Ronald. Só não deve ser mais seguro que aqueles cassinos de Las Vegas.

Por alguns segundos, Harry e Ron fitaram o ar, sonhadores, imaginando como seria roubar um cassino. O devaneio foi interrompido quando Hermione voltou a falar.

- Enfim, não é qualquer banco, nem mansão, nem museu. É o maior banco da Grã-Bretanha, apenas.

- Então, Hermione... – Harry a olhou, desconcertado, e passou a mão pelos cabelos.

- O quê?

- A questão é que não é só o Gringotes que a gente vai roubar... – Draco continuou.

- Como assim? – a garota arregalou os olhos.

- Derrubar Voldemort e Umbridge não é algo que se consegue arrombando aquele banco uma vez. Vamos ter uma série de missões preliminares, né? – Ron encarou Harry. – Cara, você tá apostando mais nisso do que eu imaginei.

Harry os olhou por alguns momentos antes de responder.

- É. O plano é mais complexo do que devia ser e mais simples do que parece, mas ainda não é fácil; e é por isso que ainda não tá totalmente pronto, e eu preciso da ajuda de vocês pra terminar esse... projeto.

- Fale por você, eu não estou tão desesperado que...

- Cala a boca, Malfoy.

Harry se sentou num dos banquinhos ao redor da mesa.

- Nossa, já sentei nesse banco pra explicar um plano tantas vezes que já perdi a conta. De qualquer jeito...

E começou a falar. De vez em quando Draco fazia alguma observação ou Ron comentava uma certa etapa, mas sem interrupções. Ainda era um projeto, um rascunho, mas ainda assim, concreto. E surpreendentemente possível.

- Você sabe que vai precisar de mais gente do que nós três e esse playboy, né?

- Sei, Ron. Estou contando com umas onze pro plano, já disse. E não chame o Malfoy de playboy, ele tá pobre agora, lembra?

Os três riram, mas o loiro apenas bufou e revirou os olhos.

- Então, quem exatamente vai entrar é uma das coisas que eu ainda não decidi e vou precisar de uma ajuda.

- Pelo que você contou, nós devemos escolher alguns com talentos específicos... habilidade é necessária. – Hermione acrescentou.

- Já temos uma hacker aqui. – o ruivo puxou-a para perto e sorriu quando ela lhe deu um beijo na bochecha.

- Crabbe e Goyle são muito fortes! Estão trabalhando como seguranças agora, mas tenho certeza que... – Draco disse, parecendo empolgado com a ideia.

Harry, Ron e Hermione o olharam com descrença, imaginando em que realidade absurda alguém cogitaria chamar aqueles dois para uma operação como aquela. Sim, os dois amigos (talvez "súditos" ou "guarda-costas" fossem termos mais adequados) de Draco na época de escola com certeza tinham uma quantidade considerável de massa muscular, mas isso não era o suficiente.

- Malfoy, tem tantas coisas erradas nessa sua ideia que eu acho mais fácil listar todos os livros que a Hermione já leu. – Ron respondeu.

- Tipo o quê?! – o loiro perguntou, irritado.

- Primeiro, eu nunca vou dividir meu dinheiro, fruto do meu trabalho e suor, com aqueles dois. Já foi um sacrifício aceitar trabalhar com você. Segundo, esse trabalho exige uma pequena coisa que eles não possuem: inteligência. Terceiro...

- Já entendemos, Ron - Hermione o interrompeu - Então, Malfoy, apreciamos seu palpite, e tal...

- Mas foi ruim. Você pode ajudar em outras coisas. – Harry sorriu e lhe deu uns tapinhas no ombro.

- Um dia eu ainda vou descobrir por que resolvi me aliar a você, Potter. Mas por ora, terei que aguentar vocês.

- A saída é por ali. – Hermione retrucou.

- Obrigada pela muito pertinente observação, Granger. Vou entender isso como a minha deixa.

Malfoy então vestiu o casaco que antes segurava nos braços e saiu do apartamento, batendo a porta de uma maneira agressiva demais. Hermione trancou-a antes de dirigir-se aos outros dois.

- Vocês não têm medo dele largar o plano e entregar a gente pra polícia?

- Nah, sem chance. Ele quer o dinheiro e a suposta vingança demais pra pular fora. Além do mais, com a família com histórico de fraude e desmoralizada, é improvável considerarem qualquer coisa. E a gente precisa dele. – Harry respondeu, determinado.

- Harry, de todas as pessoas que você podia ter escolhido, por que Draco Malfoy é o nosso infiltrado?

- Eu não tinha muitas opções, sabe, Ron? Na verdade, não tinha opção alguma. Só vi a oportunidade e aproveitei. Então peço que dessa vez segure um pouco o rancor que guarda daquele filho da puta. Igual eu estou segurando.

Ron assentiu. Pensou um pouco antes de perguntar:

- Afinal, como ele conseguiu um cargo tão bom no Gringotes assim tão rápido?

- Não sei, nunca me dei ao trabalho de perguntar. Concurso público, transferência, vai saber. – Harry bocejou – E olha, eu no momento estou mais interessado em dormir do que discutir a vida profissional do Malfoy. Será que...

- Pode dormir no sofá-cama? Claro. – Hermione sorriu. Vou pegar a roupa de cama.

Juntos, Harry e Ron desmontaram o sofá enquanto a garota buscava um lençol, travesseiro, edredom, cobertor e um pijama velho do namorado para que Harry não dormisse com a mesma roupa que fora preso seis anos atrás.

Harry se sentiu como um garotinho sendo posto na cama pelos pais quando Ron apagou a luz da sala, lhe deu boa noite e se juntou a Hermione no quarto. Dessa vez vai dar certo, pensou antes de fechar os olhos e apagar.

-xxx-xxx-

- Astoria?

A moça piscou os olhos várias vezes antes de encarar o rosto do noivo, alguns centímetros acima do dela.

- Oi, Draco... acho que dormi vendo o jornal. – ela levantou-se do sofá e desligou a televisão.

- Tem dia que não acontece nada interessante mesmo. Como foi na firma hoje?

- Normal, né. Clientes cabeça-dura como sempre. Hoje ficamos ho-ras num caso de divórcio. Aqueles dois deviam é ir pra terapia.

- Não sei por que você reclama, ganha por hora!

- Pois é, tem vez que o dinheiro compensa.

- "Sempre", você quer dizer. – ele respondeu.

Astoria Greengrass era a noiva de Draco, e estavam juntos há seis anos. Conheciam-se desde crianças (suas famílias faziam parte do mesmo círculo social da elite), mas só se aproximaram durante os anos de faculdade, criando uma amizade entre calouro e veterana. Os pais de ambos aprovaram a união, e a mãe de Draco, Narcisa, lhe cedeu de bom grado seu anel de noivado.

Duas semanas depois, os Malfoy declararam falência. Draco ficou surpreso com o apoio que os Greengrass lhe deram – e ainda havia quem dizia que as relações da elite eram baseadas apenas no interesse!

- E como foi a reunião com os seus colegas? – ela perguntou enquanto se dirigia ao quarto para se trocar.

- Ótima! Rendeu bastante. Tivemos umas desavenças, mas é normal, né?

- Não sei em bancos, mas em firmas de advocacia é mais normal do que eu gostaria. Você não tinha mencionado que um amigo seu ia voltar pra Londres? Tinha sido transferido ou algo do tipo. – Astoria respondeu, a voz meio embolada pela escova de dentes.

- É, o... Ernest. Ernie. Voltou de... Marrocos. Essa semana. Todo bronzeado.

- Deve ter um bocado de história pra contar, não?

- Ô se tem. – Só não sei se posso contar pra você.

- Lembro de ter ido pra lá com a minha família quando era criança uma vez nas férias de verão. Achei o máximo, claro, mas aproveitei muito mais a Eurodisney.

- Olha, nada contra versões europeias das coisas, inclusive eu sou europeu e geralmente prefiro versões europeias, mas você já foi na Disney mesmo? Em Orlando?

- Não, quando viajamos pra lá só passamos em Miami. Por quê?

- É muito melhor! Mesmo. Um dia a gente ainda vai lá.

- Draco, se você quer ter a nossa lua-de-mel numa cama com o formato da cabeça do Mickey, eu cancelo esse casamento - Ele riu.

- Não, boba, estou falando daqui a uns anos... se tivermos filhos...

- Ah... é, seria lindo mesmo. Agora... e a nossa lua-de-mel? Onde vai ser?

- Onde você quiser. Pode ser agora, se preferir.

- Olha esse Draco... Bem, essa camisola é nova e...

- Muito sexy, devo dizer.

- Eu sei. Por isso estou usando. Mas toma cuidado na hora de tirar, ok?

Ele tirou. Com cuidado.

- Agora vem cá.

-xxx-xxx-

Harry acordou com a terceira discussão matinal de Ron e Hemione, sentados na cozinha tomando café da manhã. Ele se dirigiu até a mesa, serviu-se de ovos, bacon e café, sentou-se e deu um "bom dia!" animado. Os dois o ignoraram.

- Ronald, de todos os bicos que você podia arrumar, por que esse?

- Hermione, eu trabalho na oficina do Fred e do George! Aquilo é só uma grana extra.

- Mas é errado.

- Falou a mulher que hackeava empresas por diversão.

-Olha, invadir um sistema é bem diferente de extorquir jovens!

- Eu não faço isso!

- O que ele faz? – Harry perguntou, confuso.

- Ah, bom dia, Harry.

- Dormiu bem?

- Sim... só teve uns barulhos no meio da noite que eu faço uma ideia do que tenha sido mas não vou tocar nesse assunto. Agora o que o Ron anda fazendo?

- Basicamente, ensinando jovens da classe alta a jogar xadrez.

- Ronald!

- E pôquer.

- Você engana eles!

- Olha, a culpa não é minha se eles estão tão desesperados pra parecerem descolados e precisam aprender a jogar pôquer... e se têm tanto dinheiro a ponto de não ligarem se é desperdício ou não.

- Onde entra o xadrez aí?

- Alguns - geralmente os mais inteligentes – preferem aprender xadrez do que pôquer, e são tão arrogantes que acham que podem ganhar de mim.

Hermione lançou-lhe outro olhar de reprovação e suspirou.

- Olha, esse pessoal gasta 800 libras por noite em boates! Se eles estão dispostos a gastar isso comigo, não é problema meu.

- O ganho é seu, na verdade.

- Isso aí, Harry.

- Desisto de vocês. – a moça respondeu, levantando-se. – Olha, eu adoraria ficar, mas tenho que ir trabalhar honestamente...

- Por enquanto!

- Tenho que trabalhar honestamente no meu emprego de gente normal.

Pegou a bolsa, as chaves, calçou os sapatos de saltinho e abriu a porta.

- Não tá esquecendo de nada?

Ron se levantou também e a beijou.

- Amo você.

- Eu também. Agora vai lá ser honesta.

- Vou mesmo. Tchau, Harry!

- Tchau, Mione! Bom trabalho lá.

Os dois encaram a porta que se fechou.

- Então, arrancando dinheiro de adolescentes?

- Vocês me fazem parecer um criminoso.

- Bem... Enfim, tem algo pra fazer agora?

- É pra eu estar na oficina às nove, por quê? Quer fazer um tour pela cidade?

- Não, não... eu tava planejando ir no Largo Grimmauld, dar uma olhada na casa, decidir o que fazer com ela. Me acompanha?

- Pode ser na hora do almoço?

- Claro. A gente pede uma pizza e come lá mesmo.

- Ótimo.

- Você não tinha que estar na oficina às nove?

Ron olhou o relógio na parede da cozinha. Oito e trinta e cinco.

- Ai, caralho.

- Será que você pode me dar uma carona até o metrô?

- Sem problemas. Tá pensando em ir aonde?

- Vou ver o Hagrid, tava com saudade daquele grandão. E preciso buscar minha moto.

- Seu primeiro e único amor.

Harry riu. Aquilo era parte verdade. O único jeito de tirarem a Firebolt do seu coração seria parti-lo em sete pedaços e esconder o da Firebolt no fundo de um lago congelado na Groelândia.

- Não aguento mais ficar separado dela. E também pensei em ir ao cemitério. Visitar o Sirius... eu nem fui no funeral.

- Se serve de consolo, não foi um evento muito animado não. Tinha muita gente, claro, o Sirius era um bocado "popular"... – Ron parou e fitou o amigo – Você ficou bem abalado com isso, né? Quer dizer, não deixou transparecer muito, mas dá pra perceber.

- Ele era meu padrinho, afinal de contas – Harry suspirou – É difícil aceitar que aconteceu, sabe? E eu não sei, talvez o fato de a gente ter se reunido há tão pouco tempo meio que torne tudo mais difícil... Acho que quando tava em Azkaban, foi dele que eu senti mais saudade. Não porque o amava mais do que qualquer outra pessoa ou algo do tipo, mas porque sabia que ele nunca ia voltar.

- Sinto muito, Harry. De verdade.

- Eu sei. Você não tava atrasado ou algo do tipo?

- Eu tenho quase certeza de que nunca vou me acostumar com isso – Ron respondeu, exasperado.

- Em breve, vai estar quase livre.

- Vou manter isso em mente. Você ainda vai querer aquela carona?

Saíram para a rua e entraram no Ford Anglia. Ron o deixou na estação mais próxima antes de fazer o retorno e se dirigir à oficina dos irmãos na região sul da cidade. Harry tomou nota de que ia passar lá mais tarde também, assim como n'A Toca (apelido carinhoso para a imensa e rústica casa dos pais de Ron no subúrbio, que contrastava totalmente com as casas exatamente iguais e simétricas da rua).

Da estação pegou um ônibus até a imponente entrada do Cemitério de Highgate. Estivera ali pela última vez há sete anos, no aniversário de morte dos pais. Não havia mudado muita coisa por ali. Umas lápides novas – a de Sirius entre elas, ao lado da de seu pai, flores substituídas e só.

Lily e James Potter haviam morrido quando Harry tinha apenas dez anos, vítimas de um acidente de carro. Na lei e pelas circunstâncias, Tom Marvolo Riddle, bilionário, era o culpado. Mas bastaram poucos meses para que a família de Harry percebesse que o processo não levaria a nada – poderiam ganhar a causa, mas Riddle arrastaria o caso até que não pudessem mais pagar um advogado. O garoto, agora órfão, fora morar com sua tia Petúnia, irmã de Lily, seu marido e o primo Dudley. Nenhum dos três parecera muito feliz de tê-lo ali e nem fizeram qualquer coisa para que se sentisse acolhido. Assim, Harry não sentiu nada a não ser alívio quando fez quatorze anos e se mudou daquela casa de subúrbio sem graça em Surrey para o casarão antigo onde Sirius morava sozinho com seu cachorro Padfoot. Fora uma adolescência feliz, apesar do sentimento de injustiça que nunca realmente o deixou.

Eventualmente, ao entrar para a vida de vigarista, Harry parou de se importar tanto com o que era justo e o que não era, ao menos perante a lei. Mas Riddle ainda havia matado seus pais.

- Sete anos sem ver vocês e eu consigo esquecer de comprar flores. Tô até com vergonha, pai.

Harry tinha o hábito de comprar lírios, por causa do nome da mãe. Não muito criativo da parte dele, mas era o único elo que conseguia achar entre flores e seus pais.

- Eu sabia que você ia estar aqui! – disse uma voz familiar atrás dele.

- Luna! Oi!

A amiga foi abraçá-lo, com a expressão aérea de sempre.

- E aí, como foi na prisão?

- Fedorento. Claustrofóbico. Custo-benefício baixo, uma estrela, não recomendo.

- Ah... me pergunto se a penitenciária feminina é diferente. Deve ser mais cheirosa. E ter feministas.

- Com certeza tem feministas.

- Imagino que seja muito interessante trocar umas ideias com elas... feministas encarceradas devem ter uma visão de mundo à parte.

- Estou certíssimo disso, Luna. Veio visitar sua mãe?

- Não, ela foi cremada, lembra?

Harry a encarou, uma expressão confusa no rosto.

- Então...

- Vim visitar o Karl.

Harry riu. Luna sempre se referia aos seus cientistas e autores favoritos pelo primeiro nome. Com Karl Marx não era diferente.

- Trouxe flores vermelhas?

- Pela Deusa, não! Isso seria tão clichê e normal... ele reviraria os olhos. Vamos indo? Ou você quer mais alguns momentos com seus pais? Aliás, oi, senhor e senhora Potter!

- Não, acho que prefiro ir embora também. Eles sempre me ignoram.

- Tenho certeza de que não é por querer.

Foram andando até a saída do cemitério, conversando e trocando histórias dos seis anos que Harry passara na prisão. Luna talvez não tivesse os melhores casos, mas o jeito como os contava, aliado à sua visão de mundo, era precioso.

Despediram-se nos portões. Harry se encaminhou para a estação, imaginando se seria uma boa ideia chamar Luna para se juntar ao plano. Talvez quando tudo estivesse pronto.

-xxx-xxx-

Depois de passar na casa de Rubeus Hagrid, velho amigo da família e veterinário multifuncional para tomar um chá amargo, comer biscoitos de quebrar os dentes, receber um abraço de quebrar as costelas, matar as saudades e colocar o papo em dia, Harry pegou a moto, guardada na garagem da chácara.

- Abasteci assim que fiquei sabendo que você estava saindo. Dei uma limpeza também, se não se importa.

- Obrigada, Hagrid. Mesmo.

- É o mínimo. – ele sorriu por baixo da barba cheia e escura. Só vê se não se mete em mais encrencas dessa vez. Seus pais não ficariam felizes.

- Não prometo nada. Só digo que sou um adulto e tenho que garantir meu sustento.

O veterinário barbudo suspirou.

- Vocês não mudam. Manda um abraço pro Ron e pra Mione.

Harry pegou a Firebolt e deu voltas por Londres (mais que o necessário, mas ele precisava sentir como era montar na sua queridinha de novo) até chegar na oficina de Fred e George, num bairro próximo ao centro. Desmontou e tirou o capacete (usava o mesmo desde que tirara a carteira, um vermelho com o desenho de um leão meio dourado que pendia era pro amarelo), para depois reparar na presença feminina na porta do estabelecimento.

- Olha esse Harry, sempre chegando em grande estilo. Gostei.

Ginny Weasley sorria de lado, os cabelos ruivos soltos emoldurando o rosto e os braços cruzados.


Vocês perceberam que eu curto encerrar capítulo introduzindo personagem, né? Nesse caso, a ruiva mais 10colada da face da Terra, Ginny Weasley. Espero que tenham gostado, e por favor deixem reviews, critiquem, elogiem, me mandem estudar geografia, me mandem vídeo no youtube mostrando sua reação, sei lá. Quero saber sua opinião e POR FAVOR NÃO DESISTAM DA FIC ESSE PSEUDO-HIATO É SÓ ATÉ PASSAR O ENEM OU SEJA DAQUI A DUAS SEMANAS (duas semanas caralhooooo).

BEIJOS