"Disclaimer:Nem os personagens nem a música me pertencem, e a fic não foi escrita com fins lucrativos".

Amar estupidamente

Capítulo 1 - Além da dor

Ela não conseguia manter os olhos abertos de tanto sono, mas precisava continuar acordada, senão poderia ser pega. Ela forçou a vista e olhou para o escuro a sua volta. Nada. "Acho que estou segura...". Então apoiou as mãos no chão cheio de folhas e aos poucos foi se erguendo, sem fazer barulho. Afastou os galhos da moita e se pôs a andar. Quando já estava se adiantando para o terceiro passo, sentiu uma mão em seu ombro, parando-a. "Oh, não...me pegaram!". Ela fechou os olhos, se preparando para receber algum golpe hostil. Mas ao invés disso, ouviu uma voz arrastada:

-Que feio, Weasley, se escondendo!

"Ah, não... porque tinha que ser ele". Ela tirou bruscamente a mão dele de seu ombro e encarou os olhos cinzentos.

-Por que você não faz como os outros fariam e me mata logo?

"Porque eu a amo, sua tola!", ele quis dizer, mas respondeu:

-Porque precisamos de reféns. Uma Auror, então, é melhor ainda. Dê-me sua varinha, e nada de truques, Gina Weasley. Eu sei muito bem como você já enganou vários comensais com essa sua inocência. – "E enganou a mim também...".

Ela tirou a varinha das vestes e lhe entregou. Ele não precisava ter dito aquilo, pois sabia que ela nada faria contra ele, como ele também não poderia fazer nada contra ela. Este era o erro de ambos...

Ele pegou a varinha e guardou-a por dentro de sua capa. Enquanto isso ela pode observar, com a fraca luz do luar, que seus cabelos estavam molhados pela chuva que havia caído há pouco. "Será que ele está me procurando faz tempo?". Ela, então, passou a mão pelos próprios cabelos, também estavam molhados, e muito mais. Mas ela nem havia percebido, estava mais preocupada com sua vida do que com cabelos despenteados e escorridos. E só agora também que ela percebera que suas roupas estavam molhadas. Ela começava a sentir frio com o vento gelado da noite, que batia em suas vestes, fazendo com que tremesse.

Ele fechou a capa e viu que ela o observava. Então, também a encarou, e ela desviou o olhar. Reparou que ela estava tremendo, mas não fez nada para ajudá-la. "Eu também estou com frio, e ela sabe que é culpa dela". Ele ainda a encarava, e ela não estava se sentindo bem.

-Vamos ficar aqui a noite toda, parados?

Então, ele desviou o olhar e saiu andando, ela sem escolha, o seguiu.

Estavam andando pela Floresta Proibida, ou o que restara dela. Antigamente Gina teria pavor de andar por ali, mas agora com todos os misteriosos animais, os centauros, lobisomens, vampiros, ou seja, todos os que habitavam a floresta, mortos, ela se sentiria tranqüila, mas estava sendo perseguida, então não havia motivos para manter a calma. Mas agora fora pega, pega pela pessoa que a botara naquilo tudo, não diretamente, mas botara. "Se não fosse por ele, talvez eu já estivesse morta". Gina não pensava assim porque Draco lhe salvara a vida, mas sim porque por causa dele, ela se motivou a entrar na academia de Aurores, e com isso aprendeu a se defender e a lutar, protegendo aos outros e a si mesma. Fora por causa dele.

-Por que você não me procurou, em vez de ficar fugindo, correndo perigo? – ele perguntou, sem parar de andar.

-Por que eu deveria procurar um Comensal para me ajudar? E, aliás, pelo que eu ouvi, enquanto escapava, ele deu ordens expressas para que eu fosse morta, assim que me avistassem.

-Você sabe que eu não poderia... – ele reconheceu.

Desde que ela saíra formada Auror, todos que a viam, sabiam que ela não era mais a mesma. Mantinha a meiguice e doçura de sempre, mas agora tinha garra, força, não era mais uma menininha. Era uma mulher e uma mulher muito corajosa, coisa que ninguém nunca diria que ela viria a ser, quando ela estava em Hogwarts. Mas tudo mudara, ele a fizera mudar.

Ele também nunca mais fora o mesmo desde que a conhecera realmente. Era como se ela tivesse derretido a camada de gelo que Draco havia feito em torno de si. E mesmo agora, que estavam separados, ele não conseguia construí-la de novo. A presença quente de Gina permaneceria para sempre nele, ele não podia negar isso. Sempre fora frio e impetuoso, nunca se importava realmente com ninguém, mas fora só conhecê-la que ele se transformara. Não mantinha mais aquele olhar frio, e parara de ser arrogante, pelo menos na frente dela, só mantinha mesmo seu sarcasmo, pois esta era uma coisa que ninguém poderia tirar dele, era terrível.

E agora, eles se confrontavam novamente. Ela, corajosa e ousada, como aprendera a ser, e ele arrogante e sarcástico, como sempre fora.

-Não poderia? Eu me lembro muito bem quando você disse: 'Nada está acima de meu Lorde, Gina, nada'. E agora você fica me poupando? Mate-me logo e, aí sim, me poupe te ver fazer papel de tolo na frente daquele maldito bruxo! – ela começara a se exaltar e ele sabia que agora viria fogo.

-Você poderia ter tornado tudo isso mais fácil se não tivesse se tornado Auror. – ele parou, virou pra trás e olhou-a – Você sabe que eu não deixaria que nada te acontecesse.

Por um momento, ela quis se render às palavras suaves que ele murmurava. "Não, Gina, não se entregue fácil assim!".

-Mas você deixaria minha família inteira morrer. Assim como estão, meu pai, Carlinhos e Fred.

Draco começou a ficar nervoso também. "Por que sempre ela tem que meter essa maldita família no meio?".

-Eu não poderia manter uma proteção para a sua família, quando as ordens eram sempre: 'destruam os Weasley, destruam os Weasley!'. Contente-se com a idéia de que pelo menos eles não morreram por minha varinha!

Ela sabia que quando ele ficava nervoso, voltava a ter o temperamento, do antigo Draco Malfoy, dos Malfoy.

-Você poderia ter desistido de ser Comensal. Havia tempo, era idiotice. Por que escolheu este caminho?

-Você sabe porque. E não venha me dizer que a culpa é minha.

-Mas eu não pedi pra você me escolher.

-Mas também não falava nada, só ficava a me olhar. Como você acha que eu podia suportar aquilo?

-Não sei. Por que você sempre acha que eu tenho que ter as respostas pra tudo? – ela gritou.

-Pelo simples motivo de você te me deixado cheio de dúvidas quando entrou em minha vida. Por eu não ter mais certeza de nada, por eu ter sempre que escolher entre você e o outro lado. E por eu sempre escolher você.

-Mas quando precisou mesmo me escolher, você foi para o outro lado. Foi para Você-Sabe-Quem!

-E você não fez nada pra impedir,- ele apontou o dedo pra ela - só ficou me culpando, me julgando.

-Você precisava ser julgado, pra ver que estava errado.

-Meu erro foi amar você, Weasley. – ele disse em tom baixo.

E quase num sussurro, ela disse:

-O meu também, Malfoy.

E quando deram por si, já estavam agarrados se beijando. Desesperados por recuperar os cinco anos separados, por voltar a sentir o gosto familiar. Desesperados para encurtar a corrente de amor que sempre os mantiveram presos um ao outro. Almas Gêmeas.

E como se quisesse limpar as lembranças do passado, uma forte chuva desabou sobre as cabeças dos dois, molhando mais ainda seus corpos, mas limpando suas almas. E eles pareciam não se importar com os fortes pingos que os atingiam. Só sentiam o toque um do outro, o perfume já sentido, a paixão enorme que emanava, quase os sufocando. E ele, que sempre fora o mais controlado, gritou, separando os lábios:

-Acho melhor procurarmos um lugar para ficarmos até a chuva passar.

O barulho estridente da água era tão forte que ela quase não entendera, mas estavam tão próximos que fora impossível não compreender.

-Não há mais nenhum lugar pra se proteger aqui – gritou ela também – seus amiguinhos destruíram tudo.

Ele a olhou desaprovando, não queria que nada estragasse aquele momento. E qualquer palavra seria suficiente. Então fingiu não ouvir.

-Podemos ir para a cabana de Hagrid. Soube que ninguém entra lá desde que o guarda-caças morreu. Dizem que é assombrada.

Ela sorriu. "A cabana de Hagrid. Havia uma cama confortável, uma lareira. Poderíamos ficar quentes, e como!".

-Não acredito que Hagrid possa ter virado um fantasma. Mas alguém pode nos ver, é perigoso.

-Ninguém irá ficar pra fora com esta chuva horrível. Vamos!

Ele pegou na mão dela e desataram a correr pela chuva. Pisavam em poças d'água, sujando suas vestes com lama, mas aquilo não era importante. Eles achavam até graça. Corriam pela chuva como dois adolescentes, sorrindo, por novamente estarem juntos, por poderem viver momentos que lembrariam pelo resto de suas vidas, estavam felizes. Mas não duraria muito.

Ele não conseguia parar de rir. Estavam na porta da casa de Rúbeo Hagrid e ela estava trancada.

-Abre logo, Draco!

Ele segurava a varinha e mirava pra maçaneta, mas não parava de rir. Gina não sabia se o acompanhava na risada, ou se dava um soco em sua cara. Optou por pegar-lhe a varinha.

-Alorromora!

Com um estalido a porta travada se abrira e um risonho Draco foi empurrado pra dentro por ela, que estava começando a achar que a chuva não havia feito bem a ele. Ela o fez sentar na empoeirada cadeira e depois de alguns minutos, com a eficiência de Gina, já estavam com as roupas secas, a lareira acesa e um bule esquentando para ser preparado um chá. E ele continuava a rir.

-Draco, o que está acontecendo? – ela queria rir também, pois a risada dele era tão intensa que a contagiava. Mas se manteve meio séria.  – Você enlouqueceu?

Ela continuou a olhá-lo e ao poucos (isso demorou bastante), ele parou de rir.

-Explique-se. E se eu não rir dela, vou lhe meter aquele bule na cabeça.

Draco, ainda um pouco risonho, disse:

-É que antes de eu sair pra te procurar, falei com meu Lorde.

Gina fez cara feia. Levantou-se em direção a lareira e apanhou o bule. Chegou perto de Draco.

-E qual é a graça nisso?

Draco parara de rir. Ele sabia que não deveria brincar com uma Weasley nervosa que tinha alguma coisa na mão. Molly Weasley, mãe de Gina, já lhe provara isso lhe deixando um belo galo na cabeça com um vaso de flores, há anos atrás.

-Ele me disse que se eu não te trouxesse em uma hora, iria começar a matar os reféns que estavam em seu poder. O trio Auror – era como Draco se referia a Harry Potter, Hermione Granger Weasley e Rony Weasley – estava entre eles.

A mente de Gina funcionou rápida. Draco estava molhado quando a encontrara. A chuva deveria ter começado meia hora depois que ela fugira, ou seja, já fazia bem mais de uma hora que ele estava procurando-a. Então vários bruxos, entre eles Rony, Harry e Mione estavam sendo torturados ou mortos. Ela olhou pra Draco.

-Já passou mais de uma hora, não?

Ele acenou com a cabeça. E o que ele menos esperava que ela fizesse, aconteceu: Gina largara o bule na mesa, sentara-se na cama e começou a rir, ria como Draco estava rindo, há poucos minutos atrás, parecia louca. Ele se sentara ao lado dela, também rindo um pouco, mais tranqüilo pelo bule ter ficado na mesa. Gina continuava a rir. Draco se contagiara tanto que já estava pondo o braço sobre o ombro de Gina, mas parou. Ele sentiu que não ouvia mais a risada dela. Abriu os olhos. Gina o encarava, havia uma fúria crescente nos olhos castanhos, que sempre foram tão doces.

-Por que você não me avisou antes? – ela rangia os dentes. Draco se lembrou de só ter visto ela assim uma vez na vida. No dia em que eles se separaram.

-Não vai adiantar nada ficar assim, Gina. Você não pode fazer nada.

-Se você tivesse me avisado que tinham pegado eles, eu teria me entregado imediatamente. Por que não me disse, Draco?

-Eu havia me esquecido... E o que adiantaria você estar lá? Ele só a mataria também.

-Oh – ela abaixou a cabeça sobre as pernas de Draco, pondo as mãos no rosto- ele podem estar mortos agora... Precisamos ir até lá, Draco! – as lágrimas escorriam do rosto de Gina, fazendo os seus olhos brilharem mais.

-Eu não irei fazer nada para proteger aqueles...

-Eu faço. Eu vou... Só me dê um meio de entrar no castelo para tirá-los de lá e...

-Não te deixarei ir lá sozinha, Gina.

-Como você mesmo disse, eu já enganei muitos Comensais, posso dar contar! – ela enxugava as lágrimas com a costa das mãos.

-Mesmo assim eu vou com você. Não quero te perder novamente...

-Você não pode. Se te  pegarem comigo  te matariam e...

-Antes morrer do que não poder te ver, Gina. Eu irei e pronto.

Ela abraçou Draco. Sempre desejara reencontrá-lo, mas não naquelas circunstâncias. Mas agora não era hora de fantasiar, precisava ajudar Harry e os outros. "Mamãe não suportaria perder Rony também...Já foi tão difícil agüentar a morte do papai...".

-Mas como entraremos lá sem sermos vistos? – indagou Gina.

-Desdobrando minha capa! O lado interno é forrado por uma película parecida com a usada para capas de invisibilidade.

-Por isso que eu perdi muitos Comensais que sumiam misteriosamente... – disse arrancando a capa do corpo de Draco. – Vamos, então?

-Pensei que nós iríamos ficar mais um pouco... – ele disse a abraçando novamente, sorrindo-lhe.

-Draco! Eles estão correndo perigo, não podemos perder tempo com besteiras... Vamos! – ela se soltou e foi em direção a porta.

"Besteiras... eu sou uma besteira? Maldito trio Auror!", pensou Draco e seguiu Gina.

Eles cobriram-se com a capa, colocaram uma proteção também, para se protegerem da chuva e partiram em direção ao castelo. Lá dentro, Draco e Gina sabiam, estaria cheio de Comensais e muitos Aurores e bruxos inocentes como reféns, por isso teriam que tomar muito cuidado. E principalmente porque Voldemort também se encontrava ali.

Depois da caminhada até o castelo, eles entraram, sendo muito cuidadosos para não serem descobertos. Mas incrivelmente, o castelo não parecia tão cheio assim como Draco se lembrava. "Há algo estranho aqui...". Draco foi indicando o lugar onde Voldemort estava e depois de alguns minutos estavam próximos da sala. E estranhamente, por ali tudo parecia quieto demais também.

-Eu vou dar uma olhada na frente e você fica aqui, com a capa. – falou Draco.

Gina, com um aceno de cabeça concordou, e ficou atenta, enquanto Draco virava o corredor. Minutos depois ele apareceu, dizendo que ela podia vir  e que deveria continuar com a capa, caso aparecesse algum Comensal.

Harry Potter, Hermione G. Weasley e Rony Weasley, milagrosamente, haviam conseguido escapar das grades que os prendiam, render alguns Comensais e pegar suas varinhas de volta. E em seguida foram se confrontar com Voldemort, e com muito esforço derrotaram-no. (já cansei de inventar maneiras de matar ele! Ele morreu e pronto!). O castelo parecia que reagira a esta derrota e estava dando sinais de que iria desmoronar, mas os barulhos eram quase imperceptíveis que ninguém reparou nisso. E foi quando eles saíam da sala para irem embora do castelo, agora maldito, que Harry viu bem ao fundo do corredor um Comensal que ele reconheceria em qualquer lugar: Draco. E Harry percebeu que ele não notara sua presença, parecia estar esperando algo, pois olhava pro lado. Então, aproveitou e lançou um feitiço no altíssimo teto, fazendo-o cair, indo em direção a cabeça de Draco.

E foi no momento em que Gina, ainda com a capa, foi ao lado de Draco que ela ouviu uma voz muito familiar gritar, do outro lado:

-Destruction!

Uma luz se acendeu em sua cabeça. "Eles estão vivos!". Ela estava tão feliz, que nem reparou nas palavras de Harry e só soube que estava sendo soterrada, junto de Draco, pelo teto de Hogwarts, quando as enormes pedras começaram a cair e ela gritou:

-Aaaahhh!

Harry, depois de lançar o feitiço se pôs a correr, mas parou logo depois. Teve a impressão de ouvir um grito feminino, de uma voz muito familiar, mas quando olhou pra trás só pode ver Draco Malfoy sendo soterrado pelas pedras, e mais ninguém. "Ele merece. Por ter feito Gina sofrer, por ser um Comensal...". Deu de ombros e se foi, com os amigos, não sabendo que estava matando Gina também.

Draco não conseguia falar, havia uma pedra prensando sua bochecha, então, não pode verificar se Gina estava viva e não conseguia vê-la devido à capa que a tornava invisível. Com muito esforço ele conseguiu mexer o braço esfolado e pegar sua varinha, dentro do seu bolso na calça. "Que bom que não tiramos a proteção da chuva, ou se não estaríamos mortos. Ah, mas... que porcaria", ele segurou a varinha e viu que ela se encontrava quebrada. Segurando-a com as duas mãos, para se manterem unidas as partes, ele com um movimento conseguiu retirar algumas pedras de cima de sua cabeça e da de Gina, mas aquilo foi o suficiente para quebrá-la de vez. "Maldito Potter! Juro que ela vai pagar por essa varinha e pagará ainda mais se tiver feito algo com Gina". Ele tentou se levantar, mas sua perna estava quebrada e a dor era enorme e pra piorar a outra perna também não estava nada inteira. Se arrastando, ele foi até um pedaço do braço de Gina, que estava à amostra devido a um grande rasgo na capa e abriu, delicadamente, a capa para poder vê-la. Com uma angustiante preocupação ele encostou a mão no rosto sujo de sangue dela e ficou aliviado ao ver que ela estava respirando, dificilmente, mas respirando.

-Gina acorde, vamos, acorde! – Draco cutucava a bochecha de Gina com um dedo, não se encostando no seu corpo com medo de machucá-la mais.

Ela lentamente abriu os olhos, ainda respirando com dificuldade.

-Draco... – sussurrou muito baixo.

Ele teve vontade de abraçá-la e beijá-la, mas se conteve.

-Eu lhe devolvi sua varinha, não é?

-Ela está no bolso da capa... – Gina estava tão machucada e dolorida que não conseguia se mexer. E com cuidado, Draco retirou a varinha do bolso da capa, mas logo desanimou novamente.

-Também está quebrada – disse sacudindo-a, mostrando a Gina que a ponta dela só se mantinha unida ao resto devido à corda de coração de Dragão, que também estava quase arrebentando.

Ele olhou ao redor, vendo o que seria mais necessário fazer pra que eles conseguissem sair dali. E viu que ainda havia uma enorme pedra sobre as pernas de Gina. Seria aquilo a prioridade, e retirou a pedra de cima dela, deixando a livre para levantar-se e arrebentando a varinha de Gina também. "Mais uma varinha pro Potter pagar...".

Gina sentiu um enorme alívio quando a pedra foi retirada, mas a dor enorme que ela sentia continuava e então ela notou os barulhos, barulhos vindos das paredes, do teto destruído e tremeu.

-Draco! – disse com esforço, sua garganta dolorida – O castelo irá desmoronar, nós morreremos!

-Não, vamos sair daqui agora. – Draco apoiou-se em uma pedra ao lado e com muita dificuldade conseguiu se levantar. Gina reparou que ele se apoiava em só uma perna e que está também não estava nada firme, viu que ele sentia uma dor enorme mantendo-se em pé.

Então, ela tentou se sentar, mas foi aí que percebeu que tinha um corte enorme do umbigo quase se aproximando das costas. Saia muito sangue. Mas o pior foi quando ela tentou se levantar. Suas penas estavam praticamente estraçalhadas, ela duvidava que haveria algum osso inteiro lá, seria impossível andar.

-Draco, – disse, sentada – acho que a proteção de chuva nos ajudou, mas só protegeu nossas cabeças. Nossos corpos estão quase mutilados, acho que você consegue, mas eu não poderei andar.

Uma ponta de desespero começou a surgir no rosto de Draco.

-Não, nós vamos conseguir, os dois. Há uma janela ali, podemos alcançá-la e pular, antes do castelo desmoronar, não estamos muito alto. Eu te levo no colo.

Gina observou o esforço que ele fazia para se manter em pé. Nunca conseguiría leva-la.

-Você não conseguiria nem me segurar com estes braços feridos, quanto mais me carregar, Draco. – ela pediu pra que ele  abaixar-se e olhando bem fundo em seus olhos, murmurou – Pule por aquela janela e salve sua vida, eu não conseguirei.

-Eu nunca te deixaria aqui, nunca!

Um som muito distante de algo caindo os alertaram.

-O castelo já está caindo Draco, vá, por favor... – ela suplicava, começando a chorar.

-Não posso te deixar aqui... Nunca me perdoaria, você é minha vida. Preciso de você viva, não conseguiria viver sabendo que te deixei morrer...

-Você não me deixará morrer, Draco – ele tentava limpar as lágrimas dela – você salvará sua vida, isso sim. Vá!

-Não! Desta vez não há escolhas, entre as vidas, Gina. Ou saímos daqui, juntos – ele se calou ouvindo outro estrondo ao longe – ou morremos aqui, juntos...

-Draco...não vale a pena sacrificar sua vida... Há uma escolha. E é entre mim e você. Eu escolho você! Salve-se, por favor.

-Pois eu escolho você. Não sairei daqui sem você, mesmo que tenhamos que morrer. Não te abandonarei, Gina.

Gina se lembrou da outra escolha que ele havia feito, há muitos anos atrás. Ele a escolheu, sempre a escolhia. Mas agora ela sabia que se ele ficasse ali, morreria também. E ela não suportaria morrer sabendo que ele se sacrificara por ela, não de novo. Mas sabia que ele não mudaria de idéia, então, fez como da outra fez. Calou-se, deixando ele escolher.

Draco sabia o que ela estava fazendo. Desistira e deixara a decisão em suas mãos, mas ele já fizera a sua escolha, ficaria ali com ela. E então ele aproximou-se dela e abraçou, mostrando sua decisão, não sairia dali.

-Oh, Draco, você é um tolo – ela disse entre lágrimas – nós não deveríamos nos amar... Este amor estúpido que só nos faz sofrer... É um erro...

Draco, ao ouvir a frase já conhecida que ela sempre dizia quando estavam em Hogwarts, e a abraçou mais forte ainda e logo depois a encarou fundo.

-Sofremos muito sim, com este amor estúpido. – ele ofegava – mas basta te beijar pra saber que vale a pena sofrer, basta eu te abraçar pra saber que vale a pena eu errar, bastar eu te ter pra saber que vale a pena amar estupidamente...

E, então, se beijaram com desespero, com medo, com amor e ao fundo ouviram cada vez mais próximos estrondos de algo caindo, e sentiam que o chão tremia, mas nada atrapalharia aquele beijo, nada. Mas cada vez o chão tremia mais e os estrondos ficavam mais fortes, logo a parte em que se encontravam cairia. Finalizaram o beijo e se olharam novamente.

-Eu te amo, Draco Malfoy – dos olhos de Gina, ainda saiam lágrimas. – Você é um idiota que vai sacrificar sua vida por mim, mas eu te amo.

-Também te amo, Gina Weasley. – os olhos de Draco brilhavam mais do que nunca. E se Gina não o conhecesse bem, diria que estavam cheios de água – Não me arrependo de nada que fiz pra  te ter e estou feliz por morrer ao seu lado. Feliz por ter cometido o erro de te amar. Sou um idiota, mas feliz.

-Não. Nós dois somos estúpidos, nós dois. Mas graças a essa estupidez podemos saber o que era amor. Que bom que fui estúpida... – e lhe sorriu, o sorriso doce e meigo que só Gina tinha.

-Que bom que fui estúpido... – murmurou Draco, também sorrindo.

E então os dois se abraçaram muito e muito apertado. Estavam morrendo de dor por este abraço, mas nada diziam, pois não queriam perder este último momento de ficarem juntos, precisavam ter um ao outro para não caírem no desespero, e a dor nada importava. O chão, agora, tremia sem parar e eles podiam até ver as paredes desmoronando, chegando perto de onde estavam. E Gina, como sempre fazia nas horas em que não se podia fazer nada, fechou os olhos e apertou-se mais a Draco, esperando a morte.

=*=

"If we had this night together

If we had a moment to ourselves

If we had this night together, then we'd be unstoppable"

-Unstoppable – The Calling