Nota: Infelizmente este é o utimo capitulo, eu gostaria de agradcer a todos os que acompanharam esta hirtotia e que comentaram... e ate a próxima.

CAPÍTULO XIV

Bella mal conseguiu dormir naquela noite, bombardeada por emoções conflitantes. Num momento, quando pensava no que acontecera dez anos atrás, era invadida por uma onda de horror incrédulo, além de uma profunda tristeza. Que desperdício de tempo, quanta dor desnecessária! Seu íntimo fervia de raiva, quando se lembrava de que Edward a condenara sem nem ouvir seu lado da história. Ele não tivera uma gota de confiança nela. , Nunca poderia haver nada entre os dois, se ele confiava tão pouco no que ela dizia.

Nesses momentos, Bella parava para se perguntar por que estava pensando em algo entre eles. Nem sabia se Edward ainda a amava. Muito tempo havia se passado, eles tinham mudado. Não era simplesmente uma questão de recomeçar de onde haviam parado. Mesmo assim, um tremor de excitação percorria seu corpo sempre que pensava que Edward a amara e não a tinha abandonado deliberadamente. E ele ainda a desejava. Ele amava Anthony. Talvez fosse possível fazer o amor dele renascer.

Desta maneira ela passou a noite, adormecendo só de madrugada. Acordou tarde e arrastou-se para baixo. Mas sua mente não tinha descansado o bastante e, depois de algum tempo tentando, desistiu de trabalhar e foi brincar com Anthony. No entanto, não conseguiu se concentrar nisso também. Sua emoções iam de oito a oitenta. Uma hora, amava Edward e sentia-se cheia de alegria por saber que ele não a enganara dez anos atrás; outra, via-se furiosa com ele e era invadida pela certeza de que nada mais poderia dar certo entre eles.

À tardinha, Anthony decidiu visitar Edward. Bella esperou, impaciente, pela volta do filho, e quando ele finalmente apareceu, cerca de duas horas depois, fez-lhe uma série de perguntas a respeito de Edward, com o ar mais casual possível. Quando Anthony lhe disse que ele tinha feito as malas e ido para Houston, seu coração quase parou.

Edward havia ido embora! Era verdade que não queria vê-lo.

Ainda estava com as emoções confusas demais para encará-lo. Mas também não pretendia que ele fosse embora de vez, quando lhe dissera para deixá-la em paz. E se ele nunca mais voltasse? A culpa seria única e exclusivamente dela.

A partida de Edward tirou Bella de seu estado de espírito confuso e zangado. Percebeu o quanto o amava e como fora tola agredindo-o, ao saber da traição do pai. No instante em que havia percebido o que na realidade acontecera, dez anos atrás, tinha sentido um ódio tremendo de Charlie e de si mesma, ódio que transferira, de imediato, para Edward. Não havia dúvida de que Edward errara ao não falar com ela, mas sua culpa também fora grande. Tinha sido uma tola não vendo que o pai havia descoberto seu romance com ele. A aura de amor que envolve as pessoas apaixonadas devia estar mais do que evidente na Bella de dezesseis anos. E o fato de Charlie não ter perguntado quem era o pai de Anthony deveria ter lhe dado uma pista, se não estivesse tão ocupada pensando em si mesma. Tinha sido tão cega, orgulhosa e voluntariosa...

Olhando para trás, Bella viu que o modo como havia perseguido Edward só poderia levá-lo a pensar que ela era vaidosa e insensível. Não lhe dera seu amor espontaneamente, mas fizera de tudo para que ele se apaixonasse primeiro. E, quando Edward a abandonara, poderia ter lhe escrito ou telefonado para saber a razão daquela súbita partida. Afinal, ele tinha dito que a amava. Mas seu orgulho a impedira. Seu orgulho e a falta de confiança nele é que tinham sido os verdadeiros responsáveis por sua separação.

Apesar de aqueles dez anos terem sido dolorosos, Bella não negava o valor deles. Aos dezesseis anos, ainda era imatura demais para aguentar as responsabilidades e os problemas do amor. Sua mágoa e a luta para criar Anthony sozinha tinham-na amadurecido, transformando-a numa mulher adulta e capaz de raciocinar com lógica. Se tivesse conseguido Edward com a mesma facilidade com que costumava conseguir as outras coisas em sua vida e casado com ele, provavelmente teria posto tudo a perder com suas atitudes egoístas e voluntariosas. Agora estava mudada, e Edward também. Haviam enfrentado os próprios problemas e aprendido a resolvê-los. Desta vez teriam mais cuidado com seu amor. No fim, a dor e os anos de separação não foram apenas um tremendo desperdício. Não era sempre que uma pessoa aprendia com seus erros e tinha oportunidade de utilizar o conhecimento adquirido. Quando Edward voltasse, diria isso a ele e pediria desculpas pelo modo como o tratara. Se ele voltasse.

Antes disso, poderia começar a corrigir os erros do passado falando com o filho. Na segunda-feira, depois do jantar, Bella juntou-se a Anthony no escritório. Ele estava sentado numa velha poltrona, lendo um livro de mistério infantil. Ela sentou-se no sofá em frente, apertando os joelhos com as mãos, muito nervosa. Por onde poderia começar uma história daquelas?

— Anthony, eu... ahn... Preciso falar com você, meu filho. Ele abaixou o livro e fitou-a, assustado com a seriedade de seu tom.

— Sobre o quê?

— Bem, sobre contar histórias. O garoto enrugou a testa, confuso.

— Sabe, há anos eu venho lhe contando histórias sobre seu pai, falando coisas que não eram verdadeiras. Fiz isso com a melhor das intenções. Queria que você o amasse, apesar de nunca tê-lo visto. Também queria que pensasse que ele te amava e tinha sido forcado a deixá-lo.

Anthony inclinou a cabeça para o lado, uma expressão de dor começando a transparecer em seu olhar.

— E não é verdade?

— Nem tudo. Seu pai ama você, e tenho certeza de que o teria amado todos esses anos, se soubesse da sua existência. Ele não sabia, mas, agora que sabe, te ama muito. Alguns dias atrás, descobri que seu pai mentiu para mim, achando que estava fazendo o melhor possível. No entanto, nada poderia ter sido pior. Por isso, decidi que tinha que lhe contar a verdade. —Bella respirou fundo, para criar coragem, e revelou de uma vez: — Anthony, Edward é o seu pai. ,

Anthony fitou-a por um longo momento, depois jogou-se em seus braços, bombardeando-a com um milhão de perguntas. Rindo, Bella abraçou-o.

— Se se acalmar e me deixar falar, eu lhe conto tudo. Com toda a sinceridade, ela relatou a história de seu amor juvenil por Edward e a mentira de Charlie. Anthony ouviu tudo em silêncio, de olhos arregalados, e no fim soltou um grito estridente de alegria.

— Oba! Que bom que o meu pai é Edward! Seria horrível se ele fosse um desses caras quadrados que tem por aí. Não sei se sabe, mas alguns pais são quadrados de doer.

— Sei, sim — Bella replicou, sorrindo.

— Agora Edward vai ficar sempre por perto, não vai? Ele vai se mudar para cá? Ou nós vamos para a casa dele? Você acha que ele vai nos levar para Houston?

— Anthony — ela começou cautelosamente, muito tensa —, pode ser que continuemos vivendo aqui, sem Edward. Nem todos os pais e mães moram juntos.

— Eu sei. Quando são divorciados, eles não moram. Mas você e Edward vão morar juntos, não vão? Você ainda o ama, não ama?

— Amo.

— Então, qual é o problema? Edward não é casado com outra mulher, é?

— Não, não creio. — Bella disfarçou um sorriso. Anthony era uma mistura encantadora de inocência e sofisticação, — Mas às vezes, depois de uma longa separação, duas pessoas não combinam mais. Elas não pensam mais do mesmo modo. As pessoas mudam muito com o passar dos anos.

— Mas Edward gosta de você. Eu sei!

Ela sorriu de novo e brincou, com carinho:

— O dr. Sabe Tudo ataca outra vez!

— Ele gosta, sim. E, mesmo que não gostasse, você poderia fazer com que ele mudasse de ideia — Anthony garantiu-lhe, cheio de confiança.

— Anthony, eu não posso fazer Edward me amar. Ele foi para Houston, outro dia, sem me dizer uma palavra. Acho que isso significa que ele não quer mais me ver.

— Por que não pergunta a ele?

— Eu não poderia...

Bella interrompeu-se bruscamente. Estava fazendo a mesma coisa de novo: adivinhando o que Edward pensava ou sentia, interpretando as ações dele sem se dar ao trabalho de verificar nada. Por que não telefonar e falar com Edward, como Anthony havia sugerido? Ou, melhor ainda, por que não visitá-lo e esclarecer tudo cara a cara? Tiraria o dia seguinte de folga e voaria para Houston. O pior que poderia lhe acontecer seria ele dizer que não estava mais interessado nela. Isso seria triste e embaraçoso, mas desta vez não deixaria escapar a chance de um relacionamento feliz assim, sem mais nem menos. Seu orgulho já lhe custara muito caro.

Tendo resolvido, Bella fez uma reserva para o voo da manhã seguinte, de Harlingen a Houston, e foi para a cama cedo. Dormiu bem aquela noite e acordou repousada e animadíssima. Enfrentar a vida era muito melhor do que ficar sentada, esperando as coisas acontecerem. Cantarolando alegremente, ligou o rádio enquanto se vestia.

A voz fanhosa do locutor de um programa meteorológico logo chamou sua atenção. Uma frente fria estava se movendo em direção ao vale, e uma geada era esperada para aquela noite.

Desanimada, Bella deixou-se cair sobre a cama e continuou ouvindo. Uma geada era uma das piores coisas que poderiam acontecer numa fazenda de produtos cítricos. Apesar de a colheita estar quase no fim, os frutos restantes seriam danificados e, o que era pior ainda, as árvores seriam atingidas, prejudicando as colheitas futuras. Resignada, começou a tirar as roupas que acabara de colocar, substituindo-as por outras, mais práticas e quentes. Ir atrás de Edward, agora, estava totalmente fora de cogitação. Tinha que preparar as plantações para a geada daquela noite.

Depois de um rápido café da manhã com Anthony, Bella dirigiu-se ao celeiro, onde os trabalhadores já estavam acomodando os aquecedores nas caminhonetes.

— Você ouviu? — Rafael, o capataz, perguntou assim que a viu chegar.

— Ouvi. Segundo os meteorologistas, a temperatura vai cair muito.

Rafael balançou a cabeça, cheio de tristeza.

— Pode ser um desastre. Não ternos aquecedores para todas as árvores. Teremos que proteger apenas as melhores.

As geadas eram raras no vale, e por isso nenhum fazendeiro investia muito dinheiro em aquecedores. Charlie não fora uma exceção.

Calçando luvas grossas, para proteger as mãos, Bella pôs-se a ajudar os homens a carregar as caminhonetes. Quando terminaram, ela mesma dirigiu uma até as plantações, participando também na instalação dos aquecedores em nichos, no meio das árvores. Logo, seus braços começaram a doer de tanto levantar os aquecedores e da força que fazia para controlar a direção da caminhonete, enquanto dirigia de um lado para o outro, nas estradinhas de terra. Mas, como a temperatura estava caindo depressa, nem pensou em parar para descansar.

Ao meio-dia, começou a ventar e o frio tornou-se cortante, penetrando através de suas roupas e atingindo-a com uma força de dor nos ossos. Dentro das botas e das luvas, seus pés e mãos estavam entorpecidos. Pouco depois da uma, voltou com a caminhonete ao celeiro, para pegar mais aquecedores. Tinha acabado de estacionar e estava descendo, quando olhou para o pátio e parou, o coração batendo na garganta.

Edward vinha andando em sua direção. Ele estava de roupas velhas e grossas, botas e luvas de trabalho. De repente, todas as suas preocupações com a geada terminaram. Imaginando por que Edward teria voltado e o que diria a ele na frente dos trabalhadores que tinham vindo para ajudá-la, ela virou-se e entrou no celeiro.

Edward seguiu-a, levantando com firmeza o primeiro aquecedor que encontrou.

— Achei que você poderia estar precisando de ajuda, por isso vim — disse.

— Estou sim. Obrigada. — O que mais poderia ela dizer? A gravidade da situação fez com que os dois esquecessem dos problemas pessoais. Trabalharam lado a lado, de forma rápida e silenciosa. Às quatro horas, Bella estava gelada até os ossos e se arrastando de cansaço. Quando eles voltaram novamente ao celeiro, Edward agarrou-a pelos ombros e empurrou-a em direção à casa.

— Hora de descansar para você.

— Eu não estou cansada. E ainda não terminamos.

— Você terminou. — A voz dele soou firme e decidida. — Por melhor que seja a opinião que tem de si mesma, sua capacidade de trabalho não é tão grande quanto a de um homem,

Ela abriu a boca para protestar, mas ele continuou rapidamente:

— Será que você nunca é capaz de, simplesmente, fechar a boca e fazer o que lhe mandam?

— Você não tem o direito de me dar ordens. A fazenda é minha e pretendo realizar este trabalho até o fim.

— Tenho todos os direitos — Edward replicou, lançando-lhe um olhar que a fez prender a respiração. Mas a explicação que deu, em seguida, foi a mais prosaica possível: — Eu lhe fiz um empréstimo e recebi a fazenda como garantia, lembra-se? Tenho interesse nela. Além disso, sou mais experiente que você. Ou acha que Rafael e eu não somos capazes de acender os aquecedores sem a sua supervisão?

— Claro que são, mas eu tenho que estar lá.

— Por quê? Não existe um motivo lógico para isso. Ninguém vai pensar mal de você, se for descansar. Já ganhou a admiração dos trabalhadores com o que fez. Agora vá para casa e tome um banho longo e gostoso. Não é mais necessária aqui. Está cansada demais e só vai nos atrapalhar.

Bella fez uma careta. Edward tinha razão, é claro. Mal estava conseguindo andar; parecia-lhe desleal abandonar os homens, mas estava sem energias até para protestar.

— Está bem.

Arrastando-se, foi para casa e subiu para o quarto, onde tirou as roupas sujas e vestiu um velho e deselegante roupão. Em seguida, encheu a banheira, tomou um longo banho, enxugou-se e tornou a vestir o roupão. Voltando para o quarto, jogou-se sobre a cama e adormeceu de imediato.

Estava escuro lá fora, quando Bella acordou. Havia um cobertor sobre seu corpo. Ela sentou-se, bocejando, e procurou pelo interruptor de luz do abajur, ao lado da cama. A súbita claridade revelou uma forma encolhida na poltrona em frente, e ela prendeu a respiração, assustada. Mas logo acalmou-se. Era Edward que estava sentado ali, dormindo a sono solto.

No entanto, o barulho que fez acordou-o e, por um momento, ele olhou-a como se não soubesse onde estava. Logo depois, porém, endireitou o corpo, massageando o pescoço, e Bella notou que tinha um pequeno objeto de ouro na mão.

— Você estava tão fria, quando entrei, que resolvi cobri-la. Sentei-me aqui para esperar que acordasse, mas acabei dormindo também.

Examinou-a de alto a baixo, e Bella, embaraçada, lembrou-se de que estava com o mais velho e deselegante de seus roupões, cujos primeiros botões não paravam nas casas, revelando uma boa parte de seu colo. Ciente de que Edward não perderia isso, levantou-se, amarrando o cinto com nervosismo.

— Gosto mais do seu outro roupão — Edward comentou, referindo-se ao que ela havia usado no hotel. — Mas não posso negar que este tem as suas vantagens.

Ela ficou sem reação. As palavras de Edward estavam em total desacordo com a atitude calma, de negócios, que ele havia assumido durante o dia. E também não combinavam com a zanga que ele mostrara em seu último encontro. Gostaria de dizer-lhe que o amava e pedir uma nova chance, mas o nó que se formou em sua garganta impediu-a.

Edward salvou-a da necessidade de responder, levantando-se e aproximando-se. Bella viu, então, que o que ele tinha na mão era uma corrente com uma medalha. A medalha, de Santo Edward.

— Encontrei isto aqui sobre a penteadeira, ao lado da sua caixinha de joias. Você a guardou todos estes anos?

— Guardei.

— Por quê?

Ela desviou o olhar, mordendo o lábio.

— Eu... Essa medalha era especial para mim.

— Estive perguntando a mim mesmo por que razão uma mulher guardaria uma coisa dessas durante tantos anos, se só sentia ódio pelo homem que lhe dera isto de presente. E por que essa mulher contaria ao filho, o filho desse mesmo homem, histórias lindas a respeito do pai dele? Bella, você disse que tomou ódio de mim, depois que eu a abandonei. E aquela noite me pediu para deixá-la em paz, para nunca mais procurá-la...

— Edward, eu...

— Não, deixe-me terminar. Eu recebi um telefonema urgente da minha secretária de Houston, no domingo, e tive que ir até lá, para uma reunião de emergência com os engenheiros de um dos meus projetos. Senão, teria vindo falar com você antes. Esta manhã, quando cheguei, fiquei sabendo da geada e vim ajudá-la. Mais uma vez, a conversa que eu queria ter com você precisou ser adiada. Parece que tudo que aconteceu nesses dias só serviu para me impedir de falar com você.

— Você quer ter uma conversa comigo?!

Bella sentiu o coração disparar. Edward estava tão perto que se estendesse a mão poderia tocá-lo. As roupas dele estavam sujas de poeira e suor, do dia passado no campo. Ela fixou os olhos no centro da camisa ainda úmida, colada ao peito másculo, mas logo descobriu que aquele era um lugar tão perigoso para olhar quanto qualquer outro. Não havia uma parte do corpo de Edward que não fosse sexualmente convidativa, desde os cabelos negros e espessos até as pernas musculosas e o pescoço forte, revelados pela calça justa e o colarinho aberto da camisa. Num gesto inconsciente, ela apertou os punhos e recuou um pouquinho.

— Quero — Edward continuou. — Andei pensando muito sobre nós. Você tem razão. Agi como um idiota e joguei fora as nossas vidas por nada. Mas não foi por desconfiar de você, Bella. Foi por causa do que eu sentia por mim mesmo. A vida inteira fui tratado como lixo, por ser o que e quem eu era. Sempre esperava ser menosprezado pelos outros, e isso acabava se tornando uma realidade. Seu pai não teve que se esforçar muito para me convencer de que você tinha me usado, porque eu não me achava digno do seu amor. Eu me senti enganado e magoado, mas não duvidei do que ele me disse.

— Sinto muito...

— Isso aconteceu muito tempo atrás. Agora, sou uma pessoa completamente diferente. Tornei-me um sucesso na vida e fiz todos os que me desprezavam reconhecerem o meu valor. No entanto, ao longo do caminho, descobri que sempre havia me esforçado mais que o necessário. Eu lhe disse, uma vez, que não era o mesmo rapaz que você tinha conhecido, e estava dizendo a verdade. Agora acredito em mim mesmo, Bella. Não haverá mais desconfiança entre nós. — Ele virou-se de lado.

— Quero me casar com você.

— O quê?! Mas... por que... o que...

— Anthony precisa de um pai. E eu quero estar com meu filho. Quero ser um pai de verdade para ele, não um sujeito que ele vê nos fins de semana e que o leva ao circo e para comer sanduíches. Poderíamos deixar a fazenda aos cuidados de um administrador e mudar para Houston. E você poderia assumir um cargo no ramo de administração da Corporação Cross, fazendo o trabalho de que realmente gosta.

— Está tentando me subornar com isso? — A mágoa era evidente na voz de Bella. Nem uma vez Edward dissera que a amava. Ele só queria casar-se com ela pelo bem de Anthony.

— Pois bem, isso não é suficiente.

— Bella, eu tenho certeza que daria certo. Posso ser um bom marido, um bom pai.

— Sei que pode, mas um bom casamento não se baseia no fato de você me dar um bom emprego, amar Anthony ou ter meios de providenciar um belo lar para nós. O que está acontecendo? Quer nos sustentar porque se sente culpado?

Edward soltou uma exclamação abafada.

— Por que está tentando me diminuir? Sei que ainda se importa comigo, Bella. Esta noite Anthony me disse que você lhe contou que sou o pai dele. E as histórias que inventou a meu respeito, o fato de ter conservado a minha medalha...

— Está bem, eu ainda te amo! — ela quase gritou. — Mas e você? Amor de um lado só não é bom. E também não é bom um casamento realizado pelo bem de uma criança ou para corrigir um erro do passado. Eu não me casarei por nada menos que amor.

Edward fitou-a, depois começou a rir, um riso áspero, quase incontrolável. Passando a mão pelos cabelos, deixou-se cair na cama que ela acabara de vagar.

— Meu Deus, essa é boa! É grande! Você não quer se casar comigo porque acha que eu não te amo. Por que pensa que continuei atrás de você todos esses meses, quando qualquer sujeito com um pouco de juízo já teria desistido, diante das suas constantes rejeições? Por que acha que estou morando aqui e me matando de cansaço, viajando para a ilha e para Houston? Por que acha que eu lhe emprestei aquele dinheiro e me ofereci para comprar a fazenda por uma quantia muito maior que o valor real dela? Eu não sou um idiota, Bella. Pelo menos, não sou com ninguém, além de você. — Edward fez uma pequena pausa e respirou fundo, antes de continuar. — É claro que eu te amo. Nunca deixei de te amar. Nenhuma outra mulher conseguiu me satisfazer. Nunca senti a menor vontade de me casar ou passar dois meses seguidos com a mesma garota. Eu queria você. Mesmo odiando você, eu te queria. E, quando a vi de novo na ilha, soube que todos os meus esforços tinham sido em vão. Não tinha me esquecido de você. Ainda te amava tanto quanto antes. Mais até. Você estava mais forte, mais bonita... Tanto por dentro quanto por fora. E mais desejável, também. Bella, você faz com que eu me sinta um adolescente de novo! Quando falo com você, nunca consigo dizer o que quero. — Estendeu-lhe os braços sorrindo. — Venha cá, eu te amo e quero me casar com você. E também quero abraçar, beijar e fazer amor com você até nenhum de nós poder se mexer. Entendeu?

Cheia de alegria, Bella correu para ele, jogando-se na cama com tanta força que a madeira rangeu, em protesto.

— Oh! Edward, Edward, eu te amo! — Beijou-o pelo rosto todo, deliciando-se com a sensação da barba por fazer, de encontro aos lábios. Excitada por uma necessidade primitiva, aspirou o aroma pungente do suor masculino. — Claro que quero me casar com você. Por que não disse logo que me amava? Eu te amo tanto, e há tantos anos! Eu ia para Houston hoje de manhã, para lhe dizer isso, mas a geada me impediu.

Edward envolveu-lhe o rosto com as mãos e beijou-a profundamente, os lábios e a língua exigentes e possessivos. Bella sentiu-lhe a respiração quente de encontro ao rosto e estremeceu, cheia de desejo. Baixinho, chamou-o pelo nome. Isso fez crescer a chama que queimava dentro dele, mas, segurando-a com firmeza pelos ombros, Edward se levantou, forçando-a a ficar em pé também.

Confusa, Bella fitou-o.

— Não acha que eu deveria tomar um banho primeiro? — Edward perguntou.

— Eu não me importo. — Contente, ela se aconchegou ao peito másculo.

— Ah, mas eu tenho uma certa queda pelos seus banhos!

Um brilho malicioso surgiu nos olhos escuros. Percebendo o que ele queria dizer, Bella riu e beijou-o com ardor, os lábios agressivos sugando e mordiscando os dele, até fazê-lo gemer. Seus dedos procuraram então a camisa de flanela, desabotoaram todos os botões e desceram para o fecho da calça. A pele de Edward estava em chamas, e ele agarrou-lhe os braços de uma forma quase dolorosa.

— Posso encher a banheira? — Bella sussurrou, afastando-se um pouquinho.

— Mais tarde. — Abraçando-a, Edward puxou-a de volta para a cama. — Bem mais tarde. Temos o resto das nossas vidas, agora.

Fim