-Por que voltar aos Estados Unidos, Ino? Vocês estão bem aqui. Sabe que cuidarei de vocês.

Ino olha para o rapaz ruivo carregando o pequeno bebê de apenas dois meses. Chiana dormia tranqüila no colo do tio.

-Gaara, vou voltar para casa, lá meus pais me ajudaram á cuidar de Chiana. Pretendo voltar á estudar e me formar.

-Pode fazer isso aqui mesmo na Inglaterra. Pode continuar morando aqui. Eu ajudarei a cuidar da minha sobrinha.

-Não posso continuar morando no seu apartamento indefinidamente. Você é solteiro, tem sua vida. Sei que Matsuri brigou com você por minha causa.

-Não se preocupe com Matsuri. Eu e ela já brigamos por centenas de motivos, depois me entendo com ela.

-Negativo, Gaara. Sou muito agradecida pelo que fez por mim e Chiana durante todos esses meses, agora tenho que dar um rumo á minha vida. – Ino fala enquanto fechava a última mala. Aquela discussão com o amigo vinha acontecendo desde que ela lhe informara a decisão de voltar para casa.

-Isso é culpa da Kankuro, ele a magoou muito. –Gaara fala, agora zangado e olha para a menina em seus braços.

-Sim, ele me magoou muito, contudo a minha decisão de voltar não se deve ás atitudes dele. Kankuro não faz mais parte da minha vida e de Chiana. –Ela sorri e acaricia os cabelos castanhos escuros da filha. –Quero dar uma boa vida á minha menina, Gaara. Quero que ela tenha orgulho da mãe. Kankuro nos riscou da vida dele e eu farei o mesmo.

-Não pretende contar á Chiana quem é seu pai? – Ele pergunta surpreso e Ino nega. –Claro que não farei isso, quando ela tiver idade para entender, eu lhe contarei tudo.

-Vai me riscar da vida de vocês também?

-Você sempre será bem vindo á minha casa, Gaara. É meu amigo e tio de Chiana. Quero que vá me visitar sempre que puder ou quiser.

-Eu irei mesmo, Ino. – Ele fala e entrega o bebê a mãe, que a coloca no berço, depois se vira e abraça o ruivo. –Obrigada por tudo, Gaara. Não teria conseguido sem seu apoio. Não esperava que Kankuro me colocasse para fora do apartamento dele. – Ela fala triste e ele a aperta em seus braços.

-Não precisa me agradecer. Conte comigo, sempre, Ino. Me chame quando precisar e eu estarei lá. É uma promessa. –Ino tinha lágrimas nos olhos quando ambos se separam e Gaara as enxuga com carinho. –Nada de choro. Já que você insiste com essa loucura, eu vou levá-las para o aeroporto.

-Não precisa, eu posso chamar um taxi. –Ele nega com a cabeça e ela sorri. Gaara era protetor, apesar de ser tão jovem e cuidara de Ino durante a gravidez. Ele a levara ás consultas de pré-natal e ficara ao seu lado durante o parto. Fizera mais que o irmão dele, Kankuro, pai biológico de Chiana. –Acha que vou deixar minha sobrinha entrar em um taxi aqui em Londres? Esses motoristas são loucos. Eu levo vocês, quem sabe convenço você a mudar de idéia?

-Está bem, está bem. Vamos então, porém desista de me fazer mudar de idéia. Eu já decide, Gaara.

Ele concorda e olha para a garotinha no berço. Ignorando o que se passava á sua volta, a pequena Chiana dormia, sem saber que naquele momento seu destino estava sendo decidido. –Talvez, seu eu não a tivesse apresentado ao meu irmão, nada disso teria acontecido.

-Pare. Não foi sua culpa e eu não me arrependo de nada. Se não tivesse conhecido Kankuro, Chiana não existiria. Não posso imaginar minha vida sem ela.

Gaara concorda. Ino viera á Inglaterra para estudar, eles tinham se conhecido nos campus da universidade e se tornado amigos. Ele a convidara á passar o fim de semana na casa de campo da família e fora lá que Ino conhecera Kankuro, irmão mais velho de Gaara.

Na semana seguinte á viagem, Kankuro aparecera no apartamento que Ino dividia com duas amigas e a convidara para jantar. Sedutor, sofisticado e envolvente, o rapaz que era oito anos mais velho a conquistara. Dois meses depois ele a convencera á ir morar com ele. Viveram juntos durante seis meses, porém quando Ino ficara grávida, Kankuro se enfurecera, ele a humilhara e ofendera, acusando-a de estar dando um golpe nele e que estava tentando lhe empurrar o bebê de outro homem.

Kankuro a expulsou do apartamento e Ino teria ficado sem ter onde morar se Gaara não a acolhesse. Ela tinha ficado hospedada com o ruivo desde então, o que tinha deixando a namorada dele furiosa. Ele se sentia responsável por aquela situação e cuidara de Ino durante meses, deixando a loira segura e confortável.

Agora ela ia embora e ele ficaria sozinho novamente. O pensamento o deixa triste. Ele e Ino se davam bem, ela era divertida e carinhosa e aqueles meses juntos tinham sido especiais. Ele sentiria falta da amiga e do bebê que amava.

-Certo. Eu irei visitá-la sempre. Não vou dar as costas á minha sobrinha, tenho certeza de que um dia Kankuro irá se arrepender de tudo o que fez.

Ino apenas concorda com a cabeça e pega algumas peças no guarda roupas, se dirigindo ao banheiro em seguida para se arrumar

-Se você pretende me levar ao aeroporto é melhor andar rápido, meu vôo sai em duas horas.

-Vá tomar seu banho, eu troco minha princesinha. –Ino joga um beijo para ele e entra no banheiro. Sentiria saudades do amigo, contudo estava na hora de assumir sua vida e aprender a cuidar de si e de sua filha. Começar uma nova vida.

XXX

Gaara entra no carro e dá a partida, saindo do estacionamento do aeroporto em seguida. O avião onde Ino estava com a filha tinha acabado de decolar em direção aos Estados Unidos. Sua amiga havia partido levando sua sobrinha. Sabia que Ino estava tomando a decisão certa, ela queria ficar com seus pais. Gaara tinha conhecido os dois quando ambos vieram visitar a filha, logo após o nascimento da neta. Com certeza tinha sido Inoichi, pai de Ino, que a convencera de voltar para casa.

Agora não importava, a amiga já havia partido. Tinha prometido que ligaria assim que chegasse e ele sabia que ela cumpriria a promessa. Ele também havia feito uma promessa, não á Ino, mas a si mesmo. Prometera que iria cuidar do futuro de Chiana e era exatamente para isso que ele se dirigia á parte leste da cidade, onde ficavam os escritórios de administração das empresas Sabaku, da qual seu irmão era o presidente.

Sabaku no Kankuro era um homem competente e honesto, dirigia as empresas desde que os pais haviam morrido em um acidente de avião, há sete anos. Ele tinha tomado as rédeas dos negócios da família e dos cuidados com os irmãos menores, Gaara que na época tinha doze anos e Temari com dezessete. Com esforço, paciência e dedicação ele expandira as empresas e o que aumentara muito o patrimônio da família.

Gaara nunca havia trabalhado, vivia de uma gorda e generosa mesada que o irmão mais velho lhe dava. Estava no último ano de Economia. Até pouco tempo ainda não tinha decidido o que fazer da vida, mas depois que pegara Chiana no colo, logo após o parto, decidira que iria trabalhar junto com os irmãos e era por isso que estava indo ao encontro de Kankuro. Aproveitaria para contar ao outro que Ino havia partido.

Ele desce no elevador no último andar do prédio, onde ficava o escritório do irmão e entra no banheiro, parando para admirar seu reflexo no espelho. Ele tinha dezenove anos. Os cabelos ruivos estavam um pouco longos demais, olhos verdes claros, um metro e oitenta e oito de altura, pele alva. Naquele momento ele trajava um jeans velho, camiseta pólo e tênis, nada elegante para um encontro de negócio. Era dono de um terço daquele império e a partir daquele dia, cuidaria do que era seu.

Solta um suspiro e fecha os olhos por um segundo, antes de bater na porta do irmão.

-Entre. –A voz seca e fria de Kankuro chega aos seus ouvidos. Ele entra e encontra Kankuro e Temari juntos. A irmã se ergue para lhe dar um beijo, mas o homem sentado atrás da mesa não se move, encarando-o sem sorrir. –Ora, se não é nosso irmãozinho nos fazendo uma visita. Aconteceu algo?

-Ino acabou de partir para os Estados Unidos, com Chiana. – Gaara fala encarando o irmão também. –Achei que gostaria de saber que sua filha foi embora.

-Filha? Minha filha? Não acredito que aquela vigarista o convenceu disso. Como pode ser tão ingênuo, Gaara? Ainda acredita que fui o único na cama daquela vagabunda?

Gaara sente o sangue ferver, mas não diz nada. Temari olha para os dois, séria. –Parem com isso. Se Ino foi embora, então esse assunto está liquidado, não nos diz respeito mais.

-Temari, Chiana é nossa sobrinha. –Gaara fala olhando sério para Temari, que se cala. Ele então continua. -Não vim aqui para falar dela. Quero trabalhar com vocês.

Um segundo de silêncio e depois Kankuro explode em gargalhadas. –Não é que o caçula tem senso de humor? Boa piada, Gaara.

-Não é piada. Quero trabalhar. E vou. Tenho todo o direito de participar das decisões tomadas aqui dentro.

-Você não sabe de nada do que se passa aqui dentro, nunca teve o menor interesse em nossos negócios.

Temari observa o irmão caçula. Gaara parecia decidido e ela vê um brilho de responsabilidade e maturidade nos olhos dele que a agrada.

-Ele não sabe, mas pode aprender, é jovem e na verdade, nós precisamos da ajuda dele. Agora que pretendemos expandir nossos negócios até a Ásia, a vinda de Gaara será muito útil.

-Você só pode estar brincando, Temari. –Kankuro exclama, zangado. – O que o pirralho pode fazer para nos ajudar?

-Ele pode ficar aqui comigo na Inglaterra, enquanto você fica no Japão. Eu vou ensiná-lo e treiná-lo. Será perfeito. A menos que você conheça outra pessoa em quem possa confiar tanto quanto Gaara.

Novo silêncio. Gaara está surpreso, não tinha idéia de que as empresas estavam se expandido. Ele olha para a irmã, agradecido pelo apoio. Kankuro solta um suspiro e concorda com a cabeça. –Está bem, mas você será responsável por todas as bobagens que ele fizer. E nada de abandonar a universidade, quero vê-lo formado, mamãe ficaria muito triste se você parasse de estudar.

-Não vou parar, falta apenas um ano para minha formatura. Posso trabalhar e estudar, tenho certeza de que aprenderei mais com a Temari do que com aqueles professores velhos e decrépitos. Quando começo?

-Agora mesmo. Venha até minha sala. – Temari fala e os dois saem. O escritório de Temari era no fim do corredor e é para lá que os dois se dirigem. Assim que entram, ela aponta a poltrona e pega uma garrafa no armário, servindo uma dose de uísque para Gaara e outro para si e senta, estendendo o copo para o irmão. –Tome, vai ajudá-lo a relaxar. Me conte sobre essa história da Yamanaka ter deixado a Inglaterra levando Chiana.

Gaara bebe pequenos goles, enquanto vai contando á irmã sobre a decisão de Ino de partir. Temari ouvia em silêncio e não diz nada até ele terminar a narrativa.

-Certo. Imagino que ela deva estar muito zangada por Kankuro não ter reconhecido a menina como filha, porém a culpa é dela, por que não fez o teste de paternidade como ele exigiu?

-Porque ela achou que seria muito humilhante e eu concordo com ela. Todos nós sabemos que Kankuro é o pai de Chiana. Nosso irmão foi cruel e injusto e um dia irá se arrepender disso.

-Sim, concordo com você. Só espero que nesse dia ainda dê tempo de consertar as coisas. Depois me dê o telefone de Ino nos Estados Unidos, quero manter contato. – Gaara sorri. Sabia que Temari iria querer saber sobre a menina. Ela tinha ido visitar Ino durante a gravidez, comprara coisas para o bebê e visitara Ino na maternidade e no apartamento dele depois do nascimento da criança.

-Muito bem, irmãozinho. Agora mãos á obra. Em primeiro lugar você tem que mudar seu visual, quero que compre roupas adequadas para o trabalho, ternos, gravata, sapatos e corte o cabelo. Você terá que lidar com tubarões, impor respeito e imagem conta muito.

Gaara concorda, sabia que seria assim, mas não se importava. Faria tudo o que estivesse ao alcance para assumir seu lugar nas empresas.

XXX

-Divórcio, Gaara? Tem certeza? Vocês só estão casados há dois anos.

-Eu tentei manter o casamento e não consegui. Matsuri não entende que preciso viajar muito á trabalho. Cada vez que me ausento, ela me acusa de estar com uma mulher. Nossa vida está um inferno. Eu já sai de nossa casa, estou em um hotel.

Ele olha pela janela enquanto conversava com Ino. Há cinco anos a loira voltara para os Estados Unidos com a filha. Ela e Gaara se falavam sempre por telefone e ele ia visitá-la todas as vezes que precisava ir aos Estados Unidos. Geralmente ficava hospedado na casa dela.

Gaara tinha retornado dos Estados Unidos há duas semanas e assim que chegara á sua casa, Matsuri o acusara de ter um caso com Ino, o que deixara o ruivo enfurecido e o fizera sair de casa e pedir o divórcio.

-É uma pena. Eu sinto muito mesmo. – Ino diz chateada. Ela ouve a porta da cozinha abrindo e logo a voz da filha chega até ela. –Chiana acabou de entrar, vou chamá-la, espere.

Gaara sorri, adorava a sobrinha e fazia questão de estar presente na vida da menina.

-Tio Gaara. –Chiana fala feliz e eles ficam um longo tempo ao telefone, conversando e rindo. –Muito bem, agora chega. A conta do telefone levará seu tio á falência. –Gaara ouve as palavras de Ino e se despede da sobrinha, esperando que a loira voltasse á falar com ele. –Gaara, você precisa de férias. Por que você e Matsuri não fazem uma viagem? Vão para algum lugar romântico e ensolarado, aproveitem para passear, namorar e se divertir. Quem sabe providenciar um priminho para Chiana?

-Não, Ino. Acabou mesmo. Contudo a idéia de férias em algum lugar com sol é agradável. Que tal se você e Chiana fossem comigo? Podemos passar um tempo na Flórida e visitar a Disneylândia, novamente. O que me diz?

-Vou pensar, ruivo. Agora é melhor desligar. –Eles se despedem, ele desliga o telefone e fica olhando para o aparelho durante um longo tempo. Era sempre muito bom conversar com a amiga. Ino era sua confidente. Ela sempre o ouvia com atenção, como agora em que ele ligara para contar sobre o divórcio eminente. Era incrível que não tivesse a mesma cumplicidade com a própria esposa.

Sua união com Matsuri fora um erro. Ele queria mais do casamento, não sabia exatamente o que, mas esperava mais. Afeto, amizade, confiança e companheirismo. Ele viajava muito á trabalho e queria um pouco de paz e aconchego quando chegava em casa. No inicio, a esposa tinha sido compreensiva e aceitara bem as ausências do marido, porém depois de alguns meses as brigas e discussões haviam começado. Desde que ela soubera que ele ficava na casa de Ino quando estava em Nova York, o que acontecia á casa três meses. Matsuri tinha ficado furiosa e o acusara de estar traindo-a com a loira.

Com paciência, Gaara tinha explicado que Ino era apenas uma amiga, mãe de sua sobrinha. Matsuri se zangara, dizendo que a menina não era filha de Kankuro e que Ino não passava de uma golpista, uma oportunista sem caráter que tentara se dar bem empurrando um bebê para um milionário. Irritado, Gaara pedira que ela não falasse mal de Ino e isso só piorara as coisas.

Por fim, depois de meses brigando, ele resolvera acabar com o casamento que só lhe trouxera desilusão. Temari o apoiara, porém Kankuro não tinha gostado e o acusara de estar estragando a própria vida por alguém da laia de Ino. Gaara resolvera não responder, Ino não era culpada pelo seu divórcio. A culpa era dos ciúmes tolos e infantis de sua esposa. Era melhor acabar com aquilo de uma vez, ficaria sozinho. De novo.

XXX

Ino conversava calmamente com Gaara na sala de sua casa. O ruivo havia chegado na noite anterior para comemorar o aniversário da sobrinha, Chiana estava completando sete anos e ele sempre comparecia as festas da menina.

-Eu e Kiba terminamos há três meses, Gaara. Você acredita que ele queria que eu colocasse Chiana no colégio interno? Disse que seria melhor começarmos uma vida á dois, sem crianças por perto. Nunca imaginei que ele pudesse ser tão egoísta.

Gaara agita o copo de uísque em suas mãos e fica vendo o gelo girar. Conhecia o ex-noivo da loira. O tinha visto na casa de Ino duas ou três vezes. Sabia que a loira iria se casar em breve e ficara surpreso quando ela lhe contara sobre o rompimento, contudo, não podia dizer que sentia muito, na verdade sentia-se feliz em saber que o compromisso estava desfeito.

-Ino, ele não servia para você. – Fala simplesmente, olhando para a amiga. Ino sorri, divertida. –Acho que sou eu quem não serve para ninguém, Gaara. Veja só, quatro relacionamentos terminados em sete anos, sem contar o seu irmão.

-Kankuro foi um idiota. Ele agiu muito errado e ainda acho que você deveria abrir uma ação para obrigá-lo a reconhecer a paternidade de Chiana, isso tudo não é justo.

-Gaara, não vou submeter minha menina á um exame de paternidade, isso sim seria injusto. Seu irmão nunca acreditou que Chiana fosse sua filha, eu nunca entendi o motivo da atitude dele e não vou fazê-la passar por essa humilhação apenas para satisfazer Kankuro. –Ino explica paciente, não era a primeira vez que dizia isso á Gaara. –Eu nunca traí Kankuro durante os meses que vivemos juntos, não sei de onde ele tirou essa idéia.

-Certo, não vamos discutir, não vim aqui para isso. –Ele fala com um sorriso e ela sorri de volta. –Não, você veio estragar um pouco mais a minha garotinha. –Ino fala apontando para o notebook caríssimo que se encontrava sobre a mesa ao lado de uma coleção de bonecas caras, presentes de Gaara. Assim como os móveis da sala, do quarto da menina e a própria casa onde ambas moravam. Gaara tinha comprado o imóvel e colocado no nome de Chiana, sob protestos da mãe. Ele argumentara que estava apenas fazendo justiça com a sobrinha.

-Ela é minha única sobrinha, me deixe mimá-la, por favor. –Ele fala com um sorriso charmoso e o coração de Ino dá um salto dentro do peito. Nos últimos meses vinha se sentindo estranha ao lado do amigo. Havia começado a reparar como ele era bonito, elegante e muito sexy. Seu rosto fica ruborizado com o último pensamento e ele a olha interrogativamente. –Você está bem? Seu rosto está vermelho.

-Reflexo do seu cabelo. –Ela responde e ambos riem. – Pretende mesmo vir morar nos Estados Unidos?

-Os negócios da empresa cresceram muito aqui e se faz necessário a presença de um dos diretores pelos próximos anos. Kankuro está ocupado com nossas empresas na Ásia e o marido de Temari é sócio de um escritório de advocacia em Londres, não seria justo obrigá-los a se mudarem. E eu tenho muitos motivos para querer ficar morando aqui. Poderei ficar mais perto de você e Chiana. Vou ver se encontro alguma casa aqui no condomínio, devo me mudar em seis meses.

Ela tem vontade de convidá-lo a morar ali, com elas e se refreia. Gaara era jovem, bonito e livre,estava divorciado á dois anos e iria querer ter privacidade para receber as namoradas. – Certo, então seremos vizinhos. Chiana ficará radiante com isso.

-Pretendo decorar um quarto para ela, para que possa ficar comigo quando quiser.

-Agora sim é que você vai acabar por estragá-la de uma vez. – Ele ri, termina sua bebida e se levanta. –Vou tomar um banho e deitar, preciso acordar cedo, amanhã, meu vôo sai ás dez horas. E eu estou exausto.

-Posso imaginar, você saiu do aeroporto direto para uma festa de aniversário infantil, depois ficou acordado até as quatro da manhã ensinando Chiana a usar o computador. E ela o acordou às nove para levá-la ao clube.

-Eu disse á ela que a levaria, não brigue com minha princesa por causa disso. – Ele fala sorrindo e mais uma vez Ino nota o quanto ele era lindo. Sem graça, ela também fica em pé. –Vou para cama, já são quase onze horas. Até amanhã, Gaara. –Ela se aproxima para beijá-lo, ao mesmo tempo que ele se vira e os lábios de ambos se encostam, fazendo-os se separarem imediatamente. Confuso, Gaara percebe que tinha gostado do contato. Desde o divórcio saíra com várias mulheres, mas naquele momento sentia uma grande atração pela amiga.

Ino também estava confusa, aquele contato fugaz lhe tinha despertado um instinto primitivo e feminino. Desejo e atração sexual. Ela se despede rapidamente e se refugia em seu quarto. A noite estava quente, Ino toma um rápido banho e coloca uma camisola curta de seda branca, deitando em seguida. Duas horas depois ela acorda sentindo o corpo úmido de suor, estava muito quente. O ar estava parado e abafado, iria chover com certeza. Um trovão soa alto e as luzes se apagam.

Ino se levanta, iria ver a filha no quarto ao lado. Chiana tinha medo de tempestades, assim como ela quando era criança. Estava muito escuro no corredor e ela vai tateando até encontrar a porta do quarto da menina, entrando em seguida. Um raio ilumina o aposento e ela vê que a garotinha dormia, tranqüila. Ajeita as cobertas sobre a filha e sai, fechando a porta.

Ela se dirige á cozinha para tomar água e pegar uma lanterna, porém no caminho vai de encontro á algo forte e alto, dando um gritinho e só não cai porque mãos quentes de macias a seguram de encontro á um peito musculoso. –Desculpe, não queria assustá-la. – A voz morna e grave do ruivo chega aos seus ouvidos, enquanto Ino aspirava o perfume da colônia pós-barba dele. –Tu-tu-tudo bem. – Ela fala arfando, em um fio de voz e Gaara a solta. Num primeiro momento, Ino sente falta dos braços e do calor do corpo dele.

-O que está fazendo de pé?

-Acho que o mesmo que você. As luzes se apagaram e eu fui ver se Chiana estava bem. –Ele responde em voz baixa, Ino estremece e ele percebe. –Está com frio?

-Não, só um pouco assustada. Venha, vamos á cozinha, vou pegar as lanternas. –Ele concorda e a segue para a cozinha. Ino pega uma lanterna na gaveta e vê que Gaara usava apenas uma cueca boxer. O olhar dela percorre o corpo do rapaz. Já o havia visto de sunga, centenas de vezes e ele nunca lhe parecera tão sensual quanto naquele momento.

Como se tivesse vida própria, a mão de Ino pousa sobre o peito dele e sobe até o ombro, descendo em seguida até a cintura. Gaara não dizia nada, contudo sua respiração estava mais rápida e uma gota de suor escorre pela sua fronte. Ino encara os olhos verdes claros dele e coloca a outra mão em seu peito.

Gaara passa o braço pela cintura dela e a puxa, fazendo-a grudar em seu corpo. Eles se olham durante alguns segundos que pareceram uma eternidade e ele então abaixa a cabeça, colando os lábios aos dela.

O beijo que se seguiu foi intenso, profundo, vital. Com a língua, Gaara invade a boca dela, sentindo seu sabor. Há alguns meses que vinha desejando beijar a amiga, Ino era linda, sensual e tentadora. Eles se beijam durante vários minutos. A mão dele subia e descia pelas costas da mulher, apertando-a de encontro ao seu corpo fazendo Ino perceber a excitação dele.

Ela também estava excitada. Podia sentir o calor das mãos dele através do tecido fino da camisola. Suas pernas estavam bambas e se ele não a estivesse prendendo com força ela já teria caído no chão.

Depois de um longo tempo as luzes se acendem e eles se separam, para recuperarem o fôlego. Os olhos de Ino estavam arregalados e seus lábios vermelhos. Sua mão tremia de encontro ao peito e ela tentava acalmar as batidas frenéticas de seu coração.

Gaara não estava em melhor forma. Sua respiração estava ofegante e ele tinha consciência da ereção que marcava sua cueca. Não se sentia constrangido com aquilo, ele desejava aquela mulher. Eles se olham durante um longo tempo, sem saber o que dizer. Se conheciam há tantos anos e nunca houvera nada entre eles, até aquele momento.

-Ino, você está bem? – A pergunta feita em um tom grave e rouco parecia sem cabimento, contudo, foi o suficiente para trazê-la de volta á realidade. –Sim, estou. Eu..., não sei o que aconteceu.

-Eu a beijei, e você pareceu gostar. –Ele explica com um leve sorriso e ela concorda, sorrindo sem graça. –Sim, gostei. Gostei muito. –O sorriso dele aumenta e ele a puxa de volta para os seus braços. – Não está zangada comigo?

-Não. Só surpresa. E confusa. Não esperava por isso.

-Faz tempo que eu tinha vontade de beijá-la, Ino. –Ele fala baixinho em seu ouvido. –E adorei.

-Por quê?

-Por que eu queria fazer isso? Ou por que eu gostei?

-Pare com isso, Gaara, está me deixando confusa. – Ela o empurra e sai da cozinha em direção á sala e ele a segue, preocupado. Não queria que ela se zangasse com ele. Parada no meio do aposento, ela fecha os olhos, pensando. Não sabia o que dizer. Ele se aproxima e a puxa de encontro ao seu corpo. –Não fuja disso, Ino. Eu a desejo e você me deseja também. – As palavras de Gaara despertam Ino daquele transe e ela se afasta dele.

-Gaara, somos amigos, você é meu melhor amigo e eu não quero perder sua amizade por causa de algo tão fútil quanto desejo. Posso muito bem ficar sem sexo, mas não posso ficar sem você em minha vida, entende?

Ele entendia, ela era sua melhor amiga também e seria muito ruim perder aquilo por desejo apenas. –Sim, eu entendo. Você está certa. Vou voltar para o quarto. – Ela o vê se afastando e sente o ímpeto de chamá-lo de volta e dizer que o queria, porém não o faz.

Gaara chega ao quarto e se joga na cama, sentindo seu corpo latejar. Apenas desejo? Não aquilo era muito mais que desejo. Tinha certeza disso.

Ino solta o corpo sobre o sofá e se encolhe em posição fetal. Que idiotice fizera? Desejava seu melhor amigo. O homem que vinha sendo seu suporte, seu porto seguro desde que ficara grávida. Graças á gentileza e generosidade de Gaara Ino e Chiana tinham uma vida tranqüila. O rapaz fazia questão de pagar uma alta mesada à loira todos os meses, na opinião dele sua sobrinha tinha todo o direito á uma vida confortável, tinha direito ao nome Sabaku.

Ino fica ali até o dia amanhecer e então se arrasta para seu quarto. Logo teria que chamar Chiana para ir á escola. Sua vontade era se jogar na cama e nunca mais sair de lá. Ela entra no banheiro e toma uma ducha fria, isso a faria se sentir melhor. Depois, já vestida ela entra no quarto da filha para acordá-la.

Elas entram na cozinha e Ino encontra Gaara. O ruivo preparava a mesa para o café da manhã. Eles se olham durante alguns segundos, antes da garotinha correr até o tio, para beijá-lo. –Tio Gaara, me leva para a escola?

-Claro, princesa, eu a deixo na escola á caminho do aeroporto, mas se apresse, não posso perder esse vôo. –A menina sorri feliz e corre pegar a mochila.

Logo Gaara e Chiana estavam saindo. Gaara sempre alugava um carro quando estava na casa de Ino, para ir aos compromissos dele, ele adorava dirigir e não gostava de andar de táxi. Ino dá um beijo na filha e olha para Gaara, constrangida. Ele a beija no rosto e sai de mãos dadas com a criança. Ino fica na porta olhando os dois. Gaara era sempre carinhoso e atencioso com a sobrinha e Chiana adorava o tio, ele ligava toda a semana para saber da menina e ficava um longo tempo falando com ela.

Não podia perder algo tão especial quanto a amizade dele. Por ela e pela menina, Chiana sofreria muito se não visse mais o tio. Teria que sufocar aquele desejo e ver Gaara apenas como um amigo e mais nada.

Gaara para o carro diante da escola da sobrinha e olha para a menina, Chiana estava quieta e ele estranha a atitude dela. –Está tudo bem, princesa?

-Tio, por que meu pai não gosta de mim? –A menina pergunta em voz baixa e Gaara se surpreende. Ino tinha dito à filha que o pai morava na Inglaterra e que eles tinham se separado quando ela era pequena. Ela sabia que o pai era irmão de Gaara, mas nunca perguntara sobre ele. Aquela era a primeira vez e Gaara não sabia o que responder. Os olhos castanhos da garota estavam cheios de mágoa e o coração do ruivo se aperta, ele amava aquela menina e não queria vê-la sofrendo nunca.

-Chiana, isso é muito complicado. – Ele começa a dizer e ela o olha. – Seu pai é um homem muito ocupado.

-Você também é e sempre vem me ver. Por que ele nunca quis me conhecer? Ele e minha mãe brigaram?

-Sim, eles brigaram. –Ele ouve o sinal da escola e desce do carro, dando a volta para abrir a porta. – Vamos, as aulas já vão começar.

A menina concorda e sai do veículo em silêncio. Gaara se abaixa na frente dela. –Chiana, não se preocupe com isso, um dia seu pai mesmo vai lhe explicar o que aconteceu.

-Ele virá me ver um dia? –Ele concorda e a menina sorri, beijando o tio e entrando na escola em seguida. Gaara a segue com o olhar. Gostaria de dizer á ela que Kankuro a amava, porém sabia que era mentira, o irmão não permitia que se falasse na filha na frente dele. Sempre a chamava de bastarda e Ino de vagabunda. Gaara não entendia o motivo disso.

Ele entra no carro e dá a partida, seguindo em direção ao aeroporto. Ia pensando em Ino, o beijo na noite anterior ainda estava bem vivo em sua memória. Tinha sido delicioso, o corpo de Ino parecia se encaixar perfeitamente ao dele. Como seria fazer amor com ela? Ele refreia os pensamentos, a loira estava certa, eles eram grandes amigos e deveriam continuar assim, apenas amigos.

XXX

Gaara joga as cobertas de lado e se levanta. Tinha sonhado com Ino, novamente, isso vinha acontecendo muito desde a última vez que estivera na casa dela, há um mês. Desde que tinham se beijado na cozinha, durante a madrugada. Ele anda um pouco pelo quarto, seu corpo estava molhado de suor, ele sentia calor. O sonho tinha sido erótico. Sonhara que estava fazendo amor com ela.

A decisão de continuarem apenas como amigos não estava funcionando, pelo menos para ele. Sempre que se falavam pelo telefone a voz dela quente e macia lhe despertava sensações difíceis de explicar ou entender. Isso o estava afetando mais do que gostaria de admitir e o estava levando á loucura. Desejava Ino e não conseguia mais se conter.

Decidido, ele abre o guarda roupas e pega uma mala pequena de viagem, iria para os Estados Unidos no primeiro vôo que conseguisse. Não perderia mais tempo, ele tinha que tentar, Ino também o queria, certo?

Ele para com a mala na mão. Ino não tinha dito que o queria, ela deixara claro que não iria arriscar a amizade por causa de algo tão fútil quanto desejo. Ela tinha dito que poderia viver sem sexo, mas não poderia viver sem a amizade deles. Ele desiste de sua idéia e larga a mala no chão voltando a deitar. Tentaria sair com outra mulher, se envolver com alguém, talvez isso o ajudasse a tirar a loira da cabeça. Ele precisava esquecer, manteria distância. Evitaria falar com ela, ainda ficaria em Londres pelos próximos cinco meses, até lá quem sabe ele teria superado aquela atração.

XXX

Ino entra na casa junto com a filha. A menina andava quieta e triste pelos cantos e a mãe sabia qual era o motivo. Gaara. Há três meses que ele não entrava em contato e quando Ino telefonava, dizia que estava muito ocupado e voltaria a ligar mais tarde, mas nunca o fazia. Ela estava com medo de que Kankuro tivesse feito ou dito algo que levara Gaara a abandoná-las. Sentia falta do amigo.

-Mãe, posso ligar para o tio Gaara, por favor? – Ino olha para a menina, Chiana tinha os olhos marejados e Ino sente seu coração se apertar. – Meu anjo, Gaara deve estar muito ocupado. – Ela fala tentando convencer a menina á desistir e Chiana solta um soluço. – Tio Gaara não gosta mais de mim.

-Não é isso, meu amor. É claro que ele gosta muito de você, só deve estar muito ocupado com a mudança para cá. Ele virá morar aqui perto, lembra?

Chiana abaixa a cabeça e vai para o quarto. Ino podia ouvir os soluços dela e com raiva pega o telefone. Descobriria o que estava acontecendo com o ruivo. Ele não podia abandonar Chiana sem uma explicação.

-Alô. – Ino sente um arrepio percorrer a espinha ao ouvir a voz dele. –Gaara, o que está acontecendo?

-Ino, desculpe, estou ocupado...

-Ocupado demais para sua sobrinha, ou Kankuro conseguiu convencê-lo de que não é o pai de Chiana e então você resolveu riscá-la de sua vida? Minha filha tem chorado todos os dias de saudade. Ela me perguntou se você não gosta mais dela. O que devo responder? -Ino espera que ele diga algo.

Gaara aperta o fone em sua mão. Também sentia saudades de Chiana. E de Ino. Não conseguira tirar a loira de seus pensamentos. Tentara se envolver com outra mulher, mas o sexo não apagara o desejo que sentia pela Yamanaka. Ainda a queria. Tivera um rápido namoro que durara apenas dois meses e não o satisfizera. Havia sido decepcionante. A mulher percebera e lhe dera um chute e ele nem se abalara por isso. Na verdade, tinha ficado aliviado. Não queria mais fazer amor com uma mulher fingindo estar com outra. Ele queria Ino.

-Que droga, Gaara. Diga alguma coisa. Chiana está chorando no quarto neste momento. O que devo dizer á ela? Que você não gosta mais dela? Que você não é mais seu tio ou seu amigo? Diga de uma vez, não suporto mais ver minha garotinha sofrendo porque você simplesmente cansou de brincar de tio devotado.

-Me perdoe, Ino. Diga á ela que a amo e estou indo para aí. Chego amanhã. – Ele termina de falar e desliga, saindo da sala em seguida. Iria para os Estados Unidos resolver sua situação com Ino. Não podia viver sem as duas.

Era quase meia-noite quando ele chega na casa da loira. Estava exausto, tinha feito uma viagem com várias conexões e agora estava ali. Ainda não sabia o que diria para Chiana e Ino. Abre a porta com a própria chave e entra, dando de cara com Ino no sofá, dormindo. Pelo jeito ela tinha ficado esperando por ele.

Ele senta na poltrona em frente á ela, se acomoda com a cabeça apoiada no encosto e fecha os olhos. Iria esperar Ino acordar para conversarem.

A luz que entrava pela janela da sala desperta Ino. Ela se espreguiça e abre os olhos, se assustando. Gaara dormia na poltrona em frente. Suas roupas estavam amassadas e a pele do rosto estava escura aonde a barba começava a crescer. Ino repara que ele tinha grandes olheiras abaixo dos olhos, como se não dormisse á dias.

Ela se dirige até a cozinha para preparar um café, depois o acordaria e falaria com ele antes que Chiana levantasse. Precisavam conversar, ela queria entender o que tinha acontecido para ele se manter afastado por tanto tempo.

Braços fortes enlaçam sua cintura e ela se vira assustada, encontrando os olhos claros de Gaara. Antes que diga algo, ele toma seus lábios em um beijo profundo, ao mesmo tempo que a puxa de encontro ao seu peito, ela tenta empurrá-lo, sem sucesso. Assim que suas mãos tocam o peito dele, Ino se sente inebriada. As mãos, os lábios, o cheiro dele a estavam deixando atordoada e ele se entrega aquele contato.

Os beijos se seguem ao mesmo tempo em que eles iam se afastando em direção á porta, saindo no corredor. Gaara a puxava em direção ao quarto dela, enquanto espalhava beijos pelo seu rosto, pescoço e voltava aos seus lábios.

Ino apenas correspondia, sedenta. Tinha que admitir, ela o desejava demais. Eles chegam ao quarto e Gaara tranca a porta, abraçando Ino, novamente.

-Chiana vai acordar.

-Só daqui uma hora, temos tempo. Eu quero você, Ino. Preciso de você.

Ela o olha e concorda, também precisava dele. Pensaria nas conseqüências daquele ato depois. No momento iria saciar seu desejo e o dele. Em minutos as roupas de ambos estavam espalhadas pelo quarto e eles estavam nus na cama.

-Eu te quero tanto, Ino. Não agüento mais. – Ele fala e volta a beijar seus lábios. Ino desce suas mãos pelas costas dele, sentindo seus músculos molhados de suor. Gaara afasta as pernas dela e se acomoda entre elas. Seu membro chegava a doer de tão teso que estava. Se não a possuísse era capaz de enlouquecer.

Ino sente a tensão no corpo de Gaara, ele parecia que iria perder o controle á qualquer momento. Ele a penetra fundo, em um único movimento, não lhe dando tempo de pensar e se move com força, chegando a machucá-la um pouco.

-Gaara, espere. – Ela pede e ele a olha, sério. -Não posso, sinto muito Ino. Não dá para esperar. – Ele fala arfando e se movendo rapidamente, sentia que iria explodir dentro dela. Ino respira fundo, sentia o orgasmo chegando. Iria gozar e seu corpo estremece. Ela aperta as nádegas dele e respirando fundo, solta um gemido, muito parecido com um lamento e goza, ao mesmo tempo que ele.

Gaara sente sua cabeça rodar, ao gozar dentro de Ino. Céus, ela deveria estar furiosa, tanto tempo desejando-a e agora ele agia como um adolescente em sua primeira transa, mas não conseguira se controlar. Seu corpo desaba sobre o dela, sua respiração estava acelerada. Os longos cabelos dela estavam grudados no suor dele.

Ele fecha os olhos e tenta se acalmar, seu corpo deveria estar satisfeito, mas ele queria mais, ele a queria novamente. Respira fundo, droga, precisava se controlar ou Ino pensaria que ele era algum maníaco. Com esforço, se separa dela e rola para o lado, fica deitado de barriga para cima, com os olhos fechados, tentando controlar a respiração para poder falar.

Ino sente falta do corpo dele quando se separam. Tinha sido fantástico, ela tinha certeza de que nunca tivera um orgasmo tão intenso em sua vida.

Deveria estar zangada pelo jeito afoito e desesperado dele, contudo não estava. Tinha sentido a força do desejo dele em sua pressa, Gaara não se contivera, ele a tinha tomado como uma fêmea no cio e ela adorara. Saber que o sexo entre eles poderia ser ainda melhor a deixa com a certeza de que deveriam fazer aquilo mais vezes. Ela se vira e apoiando o corpo no cotovelo, encara o homem deitado ao seu lado.

Gaara sente o olhar de Ino sobre si e pensa no que poderia dizer para abrandar a raiva dela. Poderia tentar explicar que normalmente era muito melhor pareceria arrogância e com certeza ela não acreditaria, porém precisava tentar. Ela precisava lhe dar outra chance de mostrar que não era um idiota egoísta que só se preocupava com o próprio prazer.

-Adorei. – Gaara abre os olhos, sem acreditar em seus ouvidos. Ela tinha dito que adorou? –O que disse, Ino?

-Eu disse que adorei. Foi maravilhoso, um pouco impetuoso e apressado, mesmo assim perfeito. – Ele se ergue no braço e a encara. –Você está se divertindo as minhas custas? Agora vai me mandar pegar minhas roupas e dar o fora daqui, estou certo? –Ela sorri, divertida, quando ele ficava nervoso o sotaque britânico se acentuava mais. – Pareço estar brincando?

-Na verdade, eu não sei. Quer que eu pegue minhas roupas e caia fora daqui?

-Quer ir embora? –Ela pergunta, ficando séria. – Pois eu preferia conversar e tentar entender o que está acontecendo entre nós, ante que Chiana acorde. Ela está louca de saudade de você e com certeza irá monopolizá-lo o dia todo.

-Também estou morrendo de saudade da minha princesa, Ino. Foi muito difícil ficar todo esse tempo sem falar com ela.

-Você a magoou muito, Gaara. Por que fez isso? – Ele senta na cama, dando as costas para ela. –Tentei evitar falar com você para ver se conseguia tirá-la de meus pensamentos, passei os últimos quatro meses desejando e sonhando fazer amor com você. Já estava ficando louco. Cada vez que falava com você, meu corpo queimava só de ouvir sua voz. Precisava de um tempo para superar isso.

-E conseguiu? – Ele se vira para ficar de frente com ela. -Viu como me portei agora á pouco. Acho que deu para perceber que não consegui superar nada. Quando ouvi sua voz pelo telefone ontem, minha resistência caiu, não consegui me manter distante mais. Sinto muito Ino, eu juro, não costumo agir assim, mas não consegui me controlar. Precisava fazer amor com você para ver se seria igual aos meus sonhos.

Ela se espanta. Gaara tinha sonhado que estava fazendo amor com ela? Ela tenta processar a informação, enquanto ele volta a deitar, ficando de frente para ela. –Você sonhou comigo?

-Dezenas de vezes. Tentei matar meu desejo com outra mulher, mas foi a pior experiência de toda a minha vida. Ela percebeu que fingia estar com outra pessoa.

-Gaara. –Ela exclama, sem acreditar e ele continua. – Olha, sei que você deve estar cheia de dúvidas, e para ser sincero, eu também. Conheço você há anos, é minha melhor amiga, porém não consigo mais controlar o que sinto por você. Nem explicar, sei que é algo forte e sincero e eu quero tentar, acho que devemos tentar.

- Você é irmão de Kankuro. Não acha que isso pode causar problemas com ele? Sabe o que ele pensa sobre mim e Chiana. Ele vai encher sua cabeça contra mim, vai tentar fazer você desistir e se afastar.

-Não tenho nada á ver com a vida do meu irmão ou ele com a minha, Ino. Não sou como ele. Kankuro cometeu um grande erro e um dia se arrependerá amargamente por isso. Mas não quero falar sobre ele, quero falar sobre nós. –Ele acaricia o corpo dela, sentindo a maciez da pele e seu corpo já começa a reagir. –Não consigo manter minhas mãos longe de você. Céus, estou me comportando como um adolescente. –Ela ri do comentário dele e bate em sua mão, de leve. – Gaara, concentre-se, precisamos conversar. Não dá tempo de fazer amor novamente.

Ele solta um suspiro frustrado e afasta a mão do corpo dela. Ino tinha razão, precisavam conversar antes que Chiana acordasse.

-Ino, nos conhecemos há muito tempo, somos amigos, sabemos tudo da vida um do outro. E somos adultos. Se não der certo, saberemos lidar com isso. Eu farei o possível para que dê certo.

-Estou apavorada. Meus últimos relacionamentos acabaram em grandes decepções. E Chiana criava expectativas de ter uma família, ela também ficava decepcionada quando o namoro acabava.

-Meu casamento foi um tormento, vive um verdadeiro inferno durante dois anos. Tive algumas namoradas, como você sabe e também não deu certo. Você é a única mulher que sempre me entendeu. Eu só te peço para tentarmos. Vamos devagar, no seu ritmo sem nos precipitarmos e iremos descobrir até onde isso pode nos levar. É só isso que eu te peço, para tentarmos. Pode confiar em mim, jamais irei ferir você ou a minha princesa. – Ele conclui e para seu espanto, Ino começa a rir. –O que foi? – Novamente o sotaque era perceptível na voz dele.

-Ir devagar? No meu ritmo? Acha que foi isso que aconteceu agora á pouco?

-Você nunca vai esquecer a nossa primeira vez, estou certo? – Ele pergunta levemente irritado.

-É claro que nunca vou esquecer. Sempre me lembrarei de que o sedutor e irresistível Sabaku no Gaara perdeu totalmente o controle como qualquer homem cheio de desejo e tesão. –Ele afunda a cabeça no travesseiro, constrangido e ela ri saindo da cama em seguida. –Muito bem, tome banho, tire a barba e coloque roupas limpas e passadas, tenho que apresentá-lo como meu namorado á minha filha e quero que você esteja bem apresentável, ela é uma garotinha muito exigente.

Gaara ri, divertido. Sim, estava fazendo a coisa certa. Eles se entendiam, se davam bem e seriam felizes. –Você quem manda. Ficarei lindo e cheiroso e pedirei permissão á minha princesa para namorar a mãe dela. – Ino o beija e ele fica sério, apertando-a de encontro ao corpo. -Só Deus sabe aonde isso vai nos levar, contudo depois do que aconteceu hoje tenho certeza de que valerá á pena.

-Prometo que a próxima será melhor. – Ele fala, ainda constrangido pela sua pressa em possuí-la. -Melhor ainda? Mal posso esperar. – Ela responde e o beija, eles tentariam. Como ele dissera, se conheciam bem, sabiam os defeitos um do outro, eram adultos e maduros, já tinham vivido relacionamentos ruins e não iriam se encher de expectativas e ilusão. Viveriam um dia de cada vez e o fariam da melhor forma possível.

XXX

-Que saudade. Senti tanto sua falta. –Temari fala abraçada ao irmão caçula. –Sentiu nada, você tem um marido para ocupar seu tempo e logo terá um bebê também. –Gaara acaricia a barriga da irmã, grávida de cinco meses. –Chiana está muito feliz porque vai ganhar um primo.

-Gaara, você tem certeza do que está fazendo? –Temari pergunta preocupada. Fazia seis meses que o irmão se mudara para os Estados Unidos e estava morando com Ino e Chiana. –Kankuro não gostou disso.

-Temari, eu e Ino estamos juntos e felizes. Não serão os comentários venenosos de Kankuro que irão nos separar. Ele me telefonou para dizer que estou me deixando enganar pela Ino assim como aconteceu com ele.

-Que absurdo. –Ela olha para o irmão, séria. –Você sabe que ele e Matsuri estão namorando, não sabe?

-Sim, eu fiquei sabendo, ela me telefonou para contar. Me disse que ela e Kankuro irão morar juntos e que ele a faz mais feliz do que eu. –Ele fica em silêncio alguns segundos, a ex-mulher havia feito uma confissão inesperada. –Matsuri me contou que ela e Kankuro foram amantes enquanto estávamos casados.

-Acredita nela? – Temari pergunta, horrorizada. Seria possível que Kankuro fizesse aquilo com o próprio irmão? Gaara dá de ombros. -Na verdade, isso não me importou. Se Kankuro tem mais estômago do que eu para suportar Matsuri, fico agradecido por ele mantê-la longe de mim e de Ino.

-Você está certo. –Temari fala. Eles estavam na casa dela. Gaara estava chegando de viagem, iria passar cinco dias na Inglaterra para participar de várias reuniões. –Você tem cuidado bem da filial. Os acionistas estão satisfeitos.

-As coisas estão encaminhando bem, contudo confesso que sinto falta de Londres. –Ele diz sério. - Estou tentando convencer Ino a passarmos um tempo aqui, nas férias escolares de Chiana. Ela não quer encontrar Kankuro, teme que ele diga algo para Chiana e magoe nossa menina.

-Você já se considera pai dela, não é? – Ele confirma. –Ela me chama de pai desde que estamos morando juntos. É maravilhoso ver o sorriso dela todas as manhãs. Eu amo aquela garotinha, Temari, ela é minha filha, em todos os sentidos.

-Pretendem oficializar a união de vocês?

-Ainda é cedo para pensarmos nisso, eu e Ino queremos ir devagar. Estamos felizes assim, temos nossa vida, nossa rotina. Não queremos nos precipitar.

-Entendo. Vocês estão certos. E a situação é mais complicada do que o normal. –Algo na voz de Temari atrai a atenção de Gaara. –O que está acontecendo? Tem alguma coisa para me contar?

Temari acaricia a barriga, pensativa e Gaara aguarda. Depois de alguns minutos, ela parece se decidir. – Gaara, Kankuro consultou um advogado sobre a situação de Chiana.

-Um advogado? Para quê? Ele nunca assumiu a paternidade dela.

-Ele não acredita ser o pai dela e quer saber se pode processar Ino por afirmar isso.

Gaara olha para Temari, sem acreditar. – Kankuro quer processar Ino por calúnia? Isso é verdade?

- Eu não sei se ele fará isso, contudo é melhor você e Ino tomarem cuidado. Se Kankuro processar a Ino, ela não terá opção além de fazer o teste de paternidade para provar que diz a verdade.

-Kankuro enlouqueceu. Ino nunca deu uma declaração á imprensa sobre o assunto e o nome dele não consta nos documentos de Chiana. Na verdade, em sua certidão de nascimento está escrito "PAI DESCONHECIDO". Ino nunca exigiu nada, pensão, bens, reconhecimento. Desde o dia em que nosso irmão a expulsou do apartamento dele, ela tem vivido do seu salário como decoradora e da minha ajuda. –Gaara fala, zangado pela atitude do irmão. – Se Kankuro está querendo intimidá-la e obrigá-la a fazer o teste de paternidade, está perdendo tempo. Ela acha isso humilhante e eu concordo. Chiana nunca precisou dele, ela tem á mim.

-Certo, se acalme, não queria aborrecê-lo, apenas alertá-lo. A imprensa não sabe da existência de Ino e Chiana,apenas alguns amigos nossos, mas depois que ela partiu para os Estados Unidos ninguém mais tocou no que Kankuro vá em frente com sua ameaça.

-Obrigado por avisar, quando voltar para casa, vou consultar o advogado sobre isso, Ino deve ficar ciente da situação. Chiana não vai passar por um teste de paternidade, eu acredito na palavra de Ino.

-Eu também. Me lembro de quando Ino e Kankuro estavam juntos, ela parecia apaixonada, duvido que tenha traído nosso irmão. Chiana é nossa sobrinha.

Gaara concorda, mais calmo. Não conseguia entender Kankuro, o irmão nunca fora sovina e sempre procurava ajudar pessoas necessitadas, principalmente crianças, a atitude dele em relação á própria filha era inexplicável.

No dia seguinte Gaara está nos escritórios das empresas em Londres. Aproveitando o intervalo do almoço, ele liga o laptop para falar com Ino e Chiana. Sentia saudades de ambas. Ele fala por vários minutos com a loira e depois aguarda a menina vir falar com ele. A porta da sala se abre e ele ergue a cabeça, encontrando o olhar de Kankuro.

-Olá, Gaara. Não quero incomodá-lo, só vim lhe dar os parabéns pela sua atuação nos Estados Unidos, tenho acompanhado os relatórios e os números não poderiam ser melhores. Você tem sido extremamente competente. Estou orgulhoso. –Gaara ia responder ouve a voz da garotinha vindo do computador. –Oi, papai, estou com saudades, quando você volta?

A atenção de Kankuro se volta para o monitor onde Chiana aparecia sorrindo, feliz. Gaara aguarda a reação do irmão, apreensivo. Era a primeira vez que ele via a menina. O olhar do homem moreno fica preso á imagem, o rosto dele se transforma em uma máscara de ódio e ele sai, batendo a porta.

-Papai? – Ela chama novamente. –Olá, princesa, está tudo bem?

-Estou bem. Quem era esse homem que está falando com você? Ele parecia bravo.

Gaara fica tenso, não sabia o que dizer, Chiana nunca vira uma foto de Kankuro, não sabia como era o pai.

-Ele trabalha nos escritórios aqui de Londres. O que você anda fazendo? –Ele muda de assunto para desviar a atenção dela e passa os próximos quarenta minutos falando com a menina.

-Filha, seu pai deve estar muito ocupado. – Ino volta e senta ao lado da menina e ambas sorriem para ele. – Gaara, vamos nos despedir, antes que Temari fique muito zangada e arranque sua cabeça.

-Certo, nos veremos em breve, amo vocês, também estou com saudades. –Eles se despedem e Gaara desliga o laptop. Não tinha idéia do que o irmão estaria pensando naquele momento. Com certeza deveria ter sido um choque ver Chiana, ele sempre se negara á olhar uma foto que fosse da garota e não sabia que a menina se parecia com a avó, mãe deles. O que será que se passava pela cabeça dele, naquele instante?

Kankuro estava em sua sala, pensando no que acontecera. A menina tinha chamado Gaara de pai. Sabia que a criança era filha de Ino. A filha que ela tentara convencer que era dele. Ele sente um ódio profundo e soca a mesa com raiva. Por que aquilo tinha acontecido? Por que ela tinha que tê-lo traído? Kankuro a amava, nunca tinha amado outra mulher em sua vida da mesma forma que amara Ino.

Tudo ia bem, ele pretendia pedi-la em casamento e então a desilusão de descobrir que ela o enganava. E depois a gravidez. Aquele bebê não era dele. Se ao menos Ino concordasse em fazer o teste de paternidade, isso provaria de uma vez se ele era o pai. Mas a loira não concordara, para ele isso fora como uma confissão. Se ela dizia a verdade, não havia nada á temer. O fato dela se negar garantira que o que descobrira era verdade, Ino o traia com um amigo da universidade.

Ele fecha os olhos durante alguns segundos. Sentira tanta falta dela, quase enlouquecera, ela o fizera de idiota, mas ele ainda a queria, a desejava. Demorara a esquecê-la, na verdade nunca a esquecera completamente.

Depois que ele mandara Ino embora, ela tinha ido morar com Gaara. Kankuro tinha pensando que havia algo entre eles, mas Temari dissera que o ruivo estava apenas ajudando a amiga. Então ela tinha voltado para os Estados Unidos e ele evitara falar ou saber dela. Se envolvera com muitas mulheres desde então, mas nunca mais confiara em nenhuma.

Agora seu irmão estava morando com Ino e a bastarda o chamava de pai. Ele tinha alertado Gaara á respeito da loira, contudo o ruivo não lhe dera ouvidos. Kankuro esperava que Gaara não viesse a sofrer também.

Kankuro só percebe o tempo passar quando a secretária vem avisá-lo de que todos já estavam á sua espera. Respirando fundo ele se dirige á sala de reuniões. Ele entra e evita olhar para o irmão mais novo. Não falaria sobre Ino ou a criança. Não queria saber delas.

XXX

-Quanta saudade. – Ino comenta deitada ao lado de Gaara, ele a puxa de encontro ao próprio corpo, apertando-a. Tinha chegado á menos de uma hora e praticamente arrastara Ino para o quarto, onde tinham feito amor de forma intensa e impetuosa. Ele beija o ombro nu dela, acariciando seus quadris. – Pensei que fosse morrer de saudades, da próxima vez você e Chiana irão comigo.

-Acha sensato? –Ino pergunta virando-se para ficar de frente com ele. – Você e Kankuro terão que se encontrar em algum momento, não vai dar para se evitarem para sempre.

-Você está certo. Meu medo é que ele ofenda Chiana. Que diga algo que possa deixá-la magoada. Ela tem feito perguntas á respeito do pai, isso me deixa angustiada. Como posso explicar para uma menina de sete anos que o pai a odeia?

-Eu sou o pai dela, Ino. Ela sabe que pode contar comigo. –Ino beija o namorado. –Você sempre foi o pai dela, Gaara, desde que ela nasceu. Cuidou dela, protegeu, amou, deu carinho. Ela não poderia ter um pai melhor.

Ele sorri e puxa Ino para cima dele, acariciando as curvas dela. – Eu te amo, Ino. E amo a nossa princesa. Minha vida não teria sentido sem vocês.

-Eu também amo você e Chiana é sua maior fã. Ela contou ás amigas que você agora é o pai dela. Acho que ela é minha principal rival. – Eles riem e se beijam , voltando a se amar. A vida deles não poderia ser mais maravilhosa.

XXX

Ino observava o namorado sentando do outro lado da mesa do sofisticado restaurante aonde jantavam. Estavam comemorando o segundo ano de namoro e vida em comum. Gaara faz os pedidos e depois que o garçom se afasta, pega as mãos de Ino, olhando-a nos olhos. –Gostou do lugar?

-Adorei, Gaara. Fico imaginando o tamanho da conta. –Ela responde olhando em volta. O lugar era lindo, as mesas decoradas com toalhas de linho branco eram enfeitadas com arranjos de rosas e iluminadas por arandelas penduradas em correntes douradas e havia um grupo tocando músicas clássicas em um palco. Sabia que era um dos mais caros restaurantes da cidade e era muito difícil conseguir uma reserva.

Ele ri. – Sou um homem muito rico, gosto de gastar com as pessoas que eu amo e você e Chiana nunca me pedem nada. – Mais uma vez o sotaque denunciava o quanto ele estava nervoso e Ino aperta suas mãos. –Por que está nervoso?

-Não estou.

-Então por que está falando como um típico inglês?

-Porque sou um típico inglês, Ino. – Ele responde soltando suas mãos ao ver o garçom voltando com os pratos. Gaara coloca a mão no bolso, apertando a pequena caixinha que estava dentro. Ele estava ansioso, iria pedir Ino em casamento naquela noite. Queria que fosse um momento especial e inesquecível.

Ino percebia que Gaara estava cada vez mais nervoso até que ele vira o copo de vinho sobre a mesa. Ele olha consternado para a mancha sobre a toalha imaculadamente branca e então ela resolve descobrir de uma vez o que estava acontecendo.

-Diga logo o que está havendo. Você parece estar sentado sobre um formigueiro. O que quer que esteja te incomodando, me fale. –Ele a olha e respira fundo, soltando o ar devagar, depois pega a caixinha em seu bolso e a abre. Dentro Ino vê um lindo anel com um diamante ladeado por duas safiras menores. Ino solta uma exclamação de susto e coloca a mão sobre a boca, enquanto seus olhos se enchem de lágrimas.

Gaara pega sua mão direita e a olha dentro dos olhos. –Ino, este foi o melhor tempo de toda a minha vida. Nunca me senti mais feliz. Não consigo imaginar minha vida sem você e Chiana nela. Quero que sejamos uma família de verdade, oficialmente. Quero casar com você, adotar Chiana e ter mais filhos. Sei que seremos felizes, estes dois anos em que estamos morando juntos me provou isso. Você completa minha vida. Nossa casa é meu porto seguro. Quando estou viajando só fico pensando no momento de voltar e encontrar vocês duas me esperando. Cada segundo ao lado de vocês é especial. Eu te amo. Por favor, diga que aceita casar comigo. Poderemos fazer uma viagem rápida á Las Vegas e nos casamos lá. –Ele conclui com o sotaque inglês bem carregado.

-Não. –Ino fala séria e ele baixa o olhar, ela não tinha aceitado seu pedido. –Esqueça essa história de casamento em Las Vegas como dois fugitivos. Quero uma cerimônia tradicional com nossas famílias, amigos e Chiana carregando as alianças. Quero uma festa regada á champanhe francês e um enorme e indigesto bolo encimado por bonecos bregas vestidos de noivos. –Gaara a olha, sem acreditar. Ino tinha aceitado. Ela dissera sim.

-Então isso é um "Sim"?

-Claro que é um "Sim", por acaso achou mesmo que eu não aceitaria? –Gaara ri alto, chamando a atenção de várias pessoas á sua volta, depois faz sinal para o garçom. –Traga o melhor champanhe da casa. – O rapaz volta com uma garrafa nas mãos, já havia percebido que estava acontecendo, aquela cena era normal ali. Ele serve a bebida e entrega as taças para o casal, depois pega uma câmera fotográfica dentro do bolso. –Querem que eu tire fotos? Elas serão enviadas por email para os senhores.

-Pode tirar várias fotos, enquanto meu noivo coloca o anel em minha mão. Ele esqueceu de fazer isso. –Ino fala divertida e Gaara a olha, movendo a cabeça para os lados, depois retira o anel de dentro da caixa, dá a volta na mesa e se abaixa, apoiando um joelho no chão em frente á loira.

-Gaara, o que está fazendo? –Ela pergunta rubra e ele sorri. –Você disse que queria algo tradicional e é uma tradição o noivo pedir a mão da noiva, ajoelhado. – Ele fala, sentindo o olhar de várias pessoas sobre o casal. Um dos violinistas desce do palco e se aproxima, tocando uma música suave, o que deixa Ino ainda mais constrangida.

Gaara pega sua mão e com cuidado, coloca o anel em seu dedo anular, enquanto o garçom tirava várias fotos. Eles se olham e então ele levanta e a beija com amor e carinho. -Eu te amo. –Ele sussurra no ouvido de Ino e ela sorri, feliz. Tinha encontrado o homem da sua vida, Gaara era maravilhoso. Seriam felizes e ela lhe daria mais filhos para completar a felicidade que eles já dividiam.