Capítulo I

Northumberland, primavera de 1105.

O céu possuía um peculiar tom cinzento adquirido momentos antes do amanhecer, mas mesmo sobre a fraca luz, a grande fortaleza já podia ser vista. Bem no topo da colina suas muralhas e torres se erguiam como se tentasse alcançar o céu, deixando a mensagem bem clara para qualquer um que ali estivesse.

Edward aprovou o que viu! Quase todas as edificações saxãs que havia visitado até aquele momento, eram feitas a partir de madeira. Mas aquela genuína fortaleza que acabara de conquistar, tinha sido construída a base de grandes pedras cinzentas, o que lhe dava uma aparência rígida e inabalável. Alem disso, o fato de estar localizada bem no topo de uma colina, deixava-a ainda mais forte, uma vez que seria praticamente impossível que alguém se aproximasse de seus muros sem que fosse visto por uma sentinela.

Outro ponto que o agradou em demasiado foram às torres! Qualquer um sabia que a parte mais forte de um castelo certamente era a torre, e aquela magnífica fortaleza possuía não mais do que duas, que se erguiam como gigantes inabaláveis.

Mas ainda assim, a falta de manutenção estava cobrando um alto preço naquela edificação. As enormes muralhas que eram coroadas por ameias, possuíam trechos em que o rejunte estava se soltando, o que não era nada bom. Sem falar que, mesmo naquela distância, Edward poderia jurar ver buracos no portão principal... Buracos tão grandes, que até mesmo um homem de médio porte poderia transpassar facilmente. Só deus sabia em que estado encontraria os estábulos e o pátio esterno, mas nada daquilo tinha importância. Afinal, quando Edward assumisse aquela fortaleza para si, não descansaria até torna-la inexpugnável.

-Vê aquele castelo no topo da colina, Emmett? – Indagou para seu irmão mais novo, que cavalgava bem atrás de si – É o coração das terras de Masen.

-Acha que conseguimos alcançá-lo antes do meio dia? – Indaga o cavaleiro parecendo analisar a fortaleza com seus destros olhos castanho-esverdeados.

-Provavelmente, irmão... A subida vai cansar um pouco os cavalos e dificultar a passagem da caravana, mas se mantivermos o ritmo chegaremos antes que o sol esteja a pico.

-Ouvi falar que há uma nascente no topo que congela antes do fim do outono. Espero que no verão faça mais calor... Está um pouco frio mesmo estando na primavera.

-Sim... O norte da Inglaterra é mais frio do que a Normandia. – Concorda enquanto puxa as rédeas de seu cavalo com mais firmeza para impedir que o garanhão avance demais – Porem creio que os bosques são apropriados para a caça.

-É o que parece, mas os camponeses saxões que virmos no caminho temem esse bosque como o diabo teme a cruz! Como é mesmo que eles o chamam?

-Bosque dos Lamentos. – Responde Edward olhando a densa vegetação homogênea que tinha ao seu redor – E não acredito nas lendas sobre espíritos de bruxas célticas que vagam pela floresta em busca de vingança. Esses saxões temem até a própria sombra! Você viu como eles ficaram assustados quando viram nossa caravana passando.

-Disso pode ter certeza. Os saxões nos temem e nos odeiam desde que a Normandia tomou posse de seu império. Mas ainda assim, me parece que Henry foi extremamente generoso ao lhe dar as terras de Masen, irmão! Conheço muitos nobres que ganharam terras bem menos atrativas. E aqui está você, recebendo o titulo de Barão e uma propriedade invejável. Muito mais do que um bastardo poderia sonhar em ter um dia!

-De fato, Henry foi bastante generoso. – Concordou dando um meio sorriso ao irmão mais novo – Mas acredite em mim Emmett, ele teve bons motivos pra fazer isto! Estas terras fazem fronteira ao norte com a Escócia, e sem um pulso firme para governa-las, os highlanders podem toma-las a qualquer momento.

Essa era uma dura verdade e Emmett não poderia contestá-la. O rei Henry I havia prometido títulos e terras para os valentes cavaleiros que haviam lutado bravamente nas cruzadas pela Terra Santa. E sem sombra de dúvidas, Sir Edward Cullen, a melhor espada do rei, fora o mais notório dentre muitos guerreiros. Suas façanhas no campo de batalha foram tão comentadas, que até o rei ouviu falar delas. Porém, mesmo assim, esses não eram motivos suficientes para que o monarca desse terras tão valiosas a um mero cavaleiro de nascimento bastardo. O real motivo para Henry ter lhe dado àquela vasta propriedade era, sem sombra de dúvida, o incontestável poder de liderança que Edward possuía mediante uma batalha.

Mas para ele não importava se tinha recebido as terras por ter se tornado um homem de valor perante os olhos do rei, ou se simplesmente por mera convenção. Afinal, após ter vivido um verdadeiro inferno na luta contra os árabes, seu único objetivo agora era ter uma terra prospera que pudesse chamar de sua e encontrar uma boa mulher que lhe aquecesse a cama além de lhe dar filhos varões.

-Ouviu isso?! – Indagou Emmett enquanto puxava as rédeas de seu corcel de forma brusca e se colocava em alerta.

Edward fez o mesmo e não levou muito tempo para ouvir o relincho de um cavalo vindo de dentro da vegetação. Alguém os observava! Olhou discretamente ao seu redor, mas a única coisa que viu foi à densa floresta que rodeava a estrada. Ainda assim, seus sentidos lhe avisavam do perigo eminente. De forma ágil, deu a volta com seu cavalo e encarou seu irmão mais novo, que estava parado logo atrás de si.

-Emmett, quero que vá até o local onde nossa comitiva está acampada e avise a todos que devemos está há cerca de meio dia de viagem das terras de Masen. – Emmett pareceu confuso no inicio, mas Edward fez um gesto discreto com a cabeça, indicando que não deveria ser contestado.

-Tem certeza de que consegui lidar com isso? – Indagou o irmão mais novo parecendo relutante em voltar ao acampamento e deixa-lo enfrentar o perigo sozinho.

-Sim... Agora vá lá e avise-os!

Com um simples aceno, Emmett deu a volta no cavalo e se pôs a galopar rapidamente no caminho oposto ao que levava as terras de Masen. Edward sabia que na verdade, o irmão iria buscar reforços e deixar o acampamento em alerta sobre a ameaça de um possível confronto. Afinal, aquela não era a primeira vez em que enfrentavam um grupo de saqueadores nas estradas, tentando roubar os tesouros que o novo barão de Masen havia trazido da Terra Santa.

Emmett já tinha desaparecido na estrada quando Edward sentiu uma dor fulminante bem abaixo de seu pescoço, próximo ao ombro esquerdo. Sem pensar duas vezes, ele levou a mão direita até as costas e encontrou o artefato que o havia atingido: uma maldita flecha que tinha se alojado justamente na parte em que a cota de malha não lhe protegia. Sabia que não deveria arranca-la, mas respirar tornava-se extremamente incomodo e atordoado pela dor, puxou de forma rude a áster de madeira e arrancou a maldita flecha soltando uma imprecação junto.

A dor não durou mais que alguns segundos, pois, como fruto de magia, um grupo de saqueadores se materializou bem no meio da estrada. Eram cerca de quatro homens, montados a cavalo e usando roupas extremamente esfarrapadas. Um deles ainda tinha o arco em mãos e um sorriso cheio de dentes podres na boca.

-Ora ora... Parece que demos sorte! – Disse um dos saqueadores, que aparentava ser o líder do pequeno bando enquanto o analisava com olhos tão azuis que pareciam brancos. Todos os quatro possuíam cabelos louros e peles claras, o que deixava bastante evidente que deveriam ser saxões rebeldes – Você deve ser o maldito normando que ganhou as terras de Masen... Aposto que deve trazer muito ouro consigo!

-Se trago ou não você nunca saberá. – Anunciou enquanto levava a mão ao cabo da espada – Saiam de minha frente, ou do contrario provarão o gosto de meu aço!

-Quanta confiança. – Disse o arqueiro dando mais uma gargalhada zombeteira com seus dentes podres – Não acha que a desvantagem é grande, Sir? Afinal, somos quatro contra um...

-Tem razão. – Concordou preparando-se para o confronto – A desvantagem é mesmo grande... Mas pretendo igualar as chances!

Edward não perdera tempo! Com a destreza adquirida em enumeras batalhas, desembainhou a espada e se pôs a galopar de forma feroz na direção do homem que parecia ser o líder e que tinha um machado de guerra em mãos. O pobre coitado se quer teve tempo de perceber que estava morrendo, pois com um único golpe de espada, Edward praticamente decapitou sua cabeça, ouvindo o barulho grotesco que esta produziu ao cair e rolar pela terra.

Mal pôde recuperar o fôlego e já havia outro mercenário bem diante de si, empunhando uma espada comprida com a qual tentou acertar Edward no flanco, mas este desviou do golpe usando uma das manoplas e sem perder tempo, enfiou sua espada no peito do desgraçado, que caiu do cavalo e ficou agonizando no meio da estrada. Agora só restavam dois, o arqueiro e um que aparentemente deveria ser o mais jovem. Mas quando Edward olhou para eles, pareceram perder toda a cor do rosto e se puseram a cavalgar em retirada.

É claro que ele não poderia deixar que os desgraçados escapassem impunes! Tinha que captura-los e submetê-los a um julgamento para que servissem de exemplo a todos, mostrando que estava disposto a exterminar todo o tipo de praga que houvesse em suas terras. Por isso, esporeou o cavalo e se pôs a perseguir os malfeitores restantes. Ao chegarem a um determinado ponto da estrada, os desgraçados entraram em uma trilha quase apagada, sendo perseguidos de perto por Edward.

Por um momento, ele achou que finalmente alcançaria os desgraçados, mas sem prévio aviso, os foras da lei entraram em um matagal e praticamente sumiram de sua vista! Edward galopou por todo o perímetro, tentando procurar alguma brecha na vegetação onde pudesse passar, mas não havia passagem em lugar algum. Após alguns minutos, desistiu de procurar e resolveu retornar para a estrada principal, pois a dor atrás de seu ombro esquerdo começava a incomodar novamente.

Ao levar à mão a ferida, descobriu que estava perdendo bastante sangue, e não seria nada prudente se perdesse os sentidos no meio de um bosque desconhecido. Alem disso também sentia-se zonzo e com a garganta seca, o que era mais um sinal claro de que o sangue estava esvaindo mais rápido do que o desejado.

Durante sua cavalgada em regresso, sentiu-se cada vez mais sedento e quando ouviu o barulho de água corrente, não pôde evitar sair da trilha para procurar algum riacho que deveria haver por perto. Seu cavalo parecia ficar mais agitado na medida em que avançavam, mas Edward forçou o animal a seguir em frente, passando por árvores e arbustos espinhentos. Não demorou muito e saiu em uma clareira banhada por uma pequena queda d'água e com uma verdadeira piscina natural no centro.

Mas havia algo errado. Ao redor do lago formado pela queda d'água, Edward podia ver enormes pedras com formatos similares, espaçadas de maneira regular formando um grande circulo cujo centro era a queda d'água. Jamais vira algo assim, e teria temido adentrar naquele território se não fosse sua extrema sede por água. Sentia sua boca tão seca, que a única coisa que foi capaz de fazer foi desmontar, ajoelhar-se próximo as águas e por as mãos em concha para sorver aquele magnífico liquido.

A água estava morna, mas ele não de importância aquilo e continuou bebendo sem parar. Já estava no quarto gole, quando se pôs em alerta ao ouvir um leve sussurro que desafiava o barulho das águas e alcançava seus ouvidos. Sendo guiado por aquele som, Edward encontrou sua origem.

Bem ali, na outra margem, encontrava-se uma mulher completamente nua. Não, não poderia ser uma mulher! Deveria ser algum tipo de ninfa dos bosques ou alguma Valquíria... Estava sentada sobre as cochas em uma enorme pedra enquanto penteava lentamente os sedosos cabelos ruivos que brilhavam como o fogo mediante a luz fraca do sol nascente. Eram tão sedosos, que grandes cachos se formavam em suas pontas, e tão compridos que provavelmente chegavam até pouco abaixo da cintura.

O rosto ainda trazia consigo os doces traços da infância, o que mostrava que aquela mulher mal devia ter desabrochado completamente para a maturidade. Enquanto continuava sua dedicada tarefa de pentear os cabelos, os grossos lábios rosados se entreabriam para cantar uma música em uma língua a muito esquecida.

E o que dizer daquele corpo? Céus, era tão delicado que a fazia parecer ainda mais sobrenatural! Os seios eram firmes e alvos, coroados com mamilos rosados e provocantes. A cintura estreita deveria ser tão esbelta que com suas grandes mãos, Edward poderia contorna-la perfeitamente. Mas em contraste, o quadril era redondo e terminava delicadamente em cochas torneadas e de uma alvura que aparentava ser das mais suaves. Um homem daria tudo para poder se colocar no meio daquelas pernas e tomar aquela delicada criatura o mais profundo possível!

Foi então que a coisa mais surpreendente ocorreu. Como se atraída por ele, a pequena ninfa ergueu as longas pestanas rubras e o encarou. Possuía olhos de um tom violeta, tão reveladores que por um instante, foi como se todo o ar fugisse de seus pulmões. Edward queria falar, queria lhe dizer o quanto era bela, mas a ninfa se pôs de pé, totalmente assustada com o fato de ser surpreendida em um momento tão intimo como aquele e de ter sua nudez observada por um total desconhecido.

Ela era ainda mais baixa do que ele imaginava, mas aquela não era hora para ficar sem palavras! Edward precisava lhe acalmar, lhe dizer que não corria nenhum perigo! Levantou-se de maneira brusca e de modo repentino, foi acometido por uma forte vertigem, fazendo-o desequilibrar-se. Mais rápido do que pôde compreender, sentiu seu corpo sendo tragado pelas águas límpidas e mornas daquela cachoeira.

Era assim que terminava a vida do mais valente cavaleiro normando: afogado com a visão mais doce que algum dia já vira!

Pelos céus! Aquilo não podia estar acontecendo... Bella tinha fugido do convento, como fazia todas as manhãs antes do sol nascer, para poder se banhar nas límpidas águas da Queda das Almas, mas antes mesmo de poder iniciar seu ritual, acabara sendo surpreendida por um homem que a observava nua! Não, aquela criatura não poderia ser um homem. Só poderia ser um gigante.

Ele a olhava como se estivesse vendo algo completamente fora da realidade, com olhos tão verdes que faziam o coração de Bella disparar dentro do peito. Sentia-se paralisada por um tempo e a única coisa que pôde fazer foi olhá-lo. Deveria ser algum cavaleiro, pois usava cotas de malha e tinha uma espada embainhada pendurada no cinto. E ao julgar pela cor escura dos cabelos e as feições angulares do rosto queimado pelo sol, só poderia se tratar de algum maldito normando.

Será que conseguiria fugir dele? Talvez... O convento ficava um tanto distante da Queda das Almas, mas a antiga cabana de sua mãe estava apenas há alguns minutos. Se corresse, provavelmente conseguiria chegar lá antes que ele a alcançasse, afinal, um ser tão grande como aquele não deveria conseguir correr tão rápido quanto ela!

Decidida a testar sua teoria, Bella pôs-se de pé e deu um passo vacilante para trás, mas arrependeu-se de fazer isto no mesmo instante em que o gigante também se levantou, provando que tinha pernas compridas e fortes, e que, provavelmente, conseguiria alcança-la com alguns míseros passos! Seus ombros largos e braços fortes eram a prova cabal de que não importasse para onde Bella fugisse, ele conseguiria derrubar qualquer barreira e captura-la!

Mas, para a total surpresa dela, o gigante cambaleou para frente, e caiu profundamente dentro das águas da Queda das Almas. Aquela seria a chance perfeita para fugir, pensou Bella! E era exatamente isso o que iria fazer, se não tivesse visto o estranho tom vermelho que a água adquiria exatamente no local em que o homem havia afundado. Pelos céus, ele deveria estar ferido! O que fazer?

Sem pensar duas vezes, ela mergulhou nas águas termais, sentindo seu corpo queixar-se daquela repentina mudança na temperatura. Não demorou muito a encontrar o corpo do guerreiro, afinal, a Queda das Almas não era tão profunda, e seu fundo rochoso tornava as águas extremamente límpidas.

Bella era uma excelente nadadora, uma vez que nadava desde menina junto a mãe, e por isso não foi difícil carregar o corpo do homem até a margem, sem mencionar que a água ajudou-a a suportar o peso daquele gigante.

-Senhor, pode me ouvir? – Indagou enquanto dava leves batidinhas no rosto dele na tentativa de despertá-lo. Demorou alguns segundos, mas finalmente ele cuspiu um pouco de água e a fitou, com aqueles inebriantes olhos verdes, parecendo lutar intensamente com a tênue linha que separava a consciência dos braços de Morfeu.

-Então os deuses mandaram uma valquíria me buscar... – Disse o homem com uma voz rouca e olhando-a como se Bella fosse algo de outro mundo. Seu leve sotaque francês era a prova final de que aquele homem era realmente um normando.

-Não Sir, não sou nenhuma Valquíria, e o senhor ainda não está morto para ser levado! Mas acho que se feriu na queda e...

-Não foi na queda. – Disse enquanto fechava novamente os olhos e por um momento Bella pensou que ele havia perdido os sentidos até que finalmente tornou a abri-los e a encara-la com um pouco mais de lucidez daquela vez – Levei uma flechada nas costas.

-Céus... Deve ter perdido muito sangue para estar neste estado!

O que faria com ele? Não poderia simplesmente deixa-lo ali, para que morresse sangrando... Bella sempre teve medo dos homens, só que aquele guerreiro perderia a vida caso ela não o ajudasse! Não poderia leva-lo ao convento, pois todas descobririam que havia fugido, e provavelmente a madre superiora não permitiria que um homem entrasse na abadia.

A resposta era tão obvia, que Bella não sabia como não tinha pensado naquilo antes! O levaria para a antiga cabana de sua mãe.

-Sir, acha que consegue andar um pouco?

-Não... – Respondeu em um sussurro – Mas posso montar em meu cavalo, se você me ajudar.

E pela primeira vez, Bella notou a presença daquele gigante corcel negro, parado há alguns metros de onde se encontravam. Aquilo era muito estranho! Desde que se conhecia por gente, Bella costumava banhar-se naquelas águas, junto com sua mãe, mas por algum motivo, os animais evitavam se aproximar daquele lugar, assim como as pessoas.

Para ser mais exata, ela nunca se lembrava de ter visto alguém ali, a não ser ela mesma e sua mãe. E agora, estava encarando um enorme cavaleiro normando que havia cavalgado até a Queda das Almas em um corcel tão grande quanto o dono! Mas aquela não era hora para devaneios, tinha que tira-lo dali e tentar fazer o máximo para não deixa-lo morrer.

De forma relutante, Bella ergueu-se e caminhou cautelosamente até o garanhão negro. Sempre teve medo de cavalos, e aquele era certamente o maior que já vira na vida! Mas tinha que trazê-lo para mais perto, ou do contrario, o homem não conseguiria montar. Foi preciso muita coragem de sua parte erguer as mãos e segurar as redias do animal, que mostrava-se extremamente nervoso e aparentemente não queria avançar para dentro da clareira.

Ela puxou as rédeas com mais força e finalmente o cavalo aceitou o desafio e avançou alguns metros, parando exatamente onde seu dono estava deitado.

-Não deveria banhar-se sozinha neste bosque... – Disse o cavaleiro em um sussurro, olhando-a de um modo que a fez arrepiar-se – Alguém pode vê-la!

Sentindo um enorme constrangimento, Bella lembrou-se que ainda estava nua, e correu até a pedra onde havia deixado o odioso vestido negro e a túnica cinza que as freiras lhe obrigavam a usar. Rapidamente, vestiu aquelas roupas de corte reto e tecido grosseiro para só então voltar a se ajoelhar ao lado do cavaleiro.

-Certo... Vou ajuda-lo a se levantar, mas o senhor é muito pesado para mim e peço que colabore o máximo possível, sim?

Ele não respondeu, apenas fez que sim com a cabeça e ergueu o enorme braço para repousa-lo nos ombros de Bella. Ela sentiu seu peso, mas fez um esforço hercúleo e o ajudou a se por de pé. Sem muita destreza, o homem colocou um pé no arreio e praticamente se jogou sobre o lombo do cavalo, deixando-se cair sobre o animal como um peso morto.

Agora Bella podia ver claramente suas costas, e notou a grande mancha de sangue que tingia praticamente toda a parte de trás da camisa de couro fervido que ele usava por baixo da cota de malha. Céu, tinha que se apressar! Tinha que salvá-lo.


Olá de novo pessoal :D

Estou de volta (após férias looooogas). Espero que gostem dessa nova fanfic, mas aviso logo que ela será mais longa do que as minhas duas primeiras.

Postarei no mesmo esquema das últimas vezes: um capítulo por dia.

Espero que vcs divirtam-se. Ah, eu sei, eu mudei a cor dos olhos da Bella, mas acho que é bom variar de vez em quando né?

;*